Além de reduzirem o lixo e a bagunça, eles também são mais higiênicos
Anna Almendrala (colaboradora)
Maryann Flasch, uma gerente de escritório de 32 anos de idade, de Austin, Colorado (EUA), costumava sofrer de coceira vaginal, secura e infecções quando estava menstruada, o que ela atribuía ao uso de absorventes. Ela já havia se submetido a comprar caixas após caixas de analgésicos - até que descobriu o copo menstrual.
"Por anos eu sofri com os efeitos colaterais do uso de absorventes porque eu não sabia que existia outra opção", escreveu Flasch em um e-mail para o The Huffington Post. "Não só [os copos menstruais] reduzem o lixo e a bagunça, mas eles também são um verdadeiro salva-vidas para as mulheres que consideram absorventes extremamente irritantes."
Sara Austin, terapeuta ocupacional de 25 anos, de Gainesville, na Flórida (EUA), também disse que os copos são mais fáceis de usar do que os absorventes. Ela citou melhoras na secura vaginal - assim como uma melhor experiência olfativa.
"Absorventes tendem a causar um odor desagradável depois de um tempo e eu ainda não passei por isso com o meu copo menstrual", relatou Austin em um e-mail para o HuffPost.
Enquanto a maioria das mulheres nos EUA e na Europa usa absorventes quando está menstruada, uma minoria pequena, mas significativa de mulheres faz um grande apelo para que todas usem seus queridos copos menstruais.
Para as não iniciadas, os copos menstruais são recipientes em formato de taça, feitos de materiais não tóxicos, não absorventes e flexíveis, como o silicone. Eles são inseridos na vagina para coletar o sangue menstrual. Os copos podem ser reutilizados por até 10 anos e custam cerca de 30 a 40 dólares cada, sendo mais acessíveis e ecologicamente corretos que o algodão ou produtos sintéticos descartáveis.
Beth Croft, fotógrafa de 38 anos e professora de Yoga, divide seu tempo entre Londres e San Juan del Sur, na Nicarágua, e diz amar seu copo menstrual porque ele pode ser deixado no local por até 12 horas, o que é especialmente útil quando ela visita os locais onde o acesso aos banheiros públicos pode ser arriscado. Croft começou a usar o copo menstrual há oito anos quando ela viajou por toda a Índia por um mês. Depois de sua viagem ela continuou a usá-lo e disse que o impacto ambiental do copo (na verdade, a falta desse impacto) é um dos maiores argumentos para usar um.
"Já que sou muito ecoconsciente, eu sempre me incomodava com a quantidade de produtos de higiene que são usados em todo o mundo, então esta solução me pareceu uma revelação", escreveu Croft em um e-mail para o HuffPost. "Demorou um pouco para eu me acostumar, mas é sem dúvida uma das melhores invenções e, desde então, eu tenho incentivado muitas familiares e amigas para fazerem a mudança."
O dispositivo também melhora a vida das mulheres nos países em desenvolvimento. Em um post para o blog do HuffPost, a defensora de direitos internacionais das mulheres, Sabrina Rubli, descreveu como o coletor de silicone está ajudando as meninas pobres na África Oriental e em outros lugares a lidarem com a menstruação. Sem copos menstruais elas, muitas vezes, têm de recorrer ao uso de jornais, panos, folhas e até lama para absorver o sangue, o que as coloca em risco de infecção e torna a ida à escola difícil (senão impossível).
Os copos menstruais contam com outros benefícios também. Algumas mulheres dizem que eles ajudam a aliviar as cólicas. Kelly Bailey de Newport, Rhode Island (EUA), tinha cólicas extremamente dolorosas antes de comprar seu Diva Cup.
"Eu costumava ter cólicas bem terríveis, terríveis mesmo", disse Bailey ao HuffPost."A primeira vez que eu usei um copo menstrual, as cólicas ficaram muito menos severas... Eu me senti muito melhor."
Outras mulheres deixam os absorventes internos devido às preocupações com a Síndrome do Choque Tóxico, uma doença rara, mas grave, que pode ocorrer quando as bactérias Staphylococcus aureus se concentram no corpo.
Por eles serem feitos de materiais como o silicone e criarem selos herméticos dentro da vagina, os copos menstruais não encorajam o crescimento de bactérias, diz o Dr. Philip M. Tierno Jr., professor de microbiologia da Universidade de Nova York (EUA) e autor do livro The Secret Life of Germs (“A Vida Secreta dos Germes”, em tradução livre).
Os absorventes já não são mais feitos com fibras sintéticas, que pensava-se que aumentavam o risco de SCT (Síndrome do Choque Tóxico), e a segurança do absorvente é regulada pela Food and Drug Administration (agência regulatória dos Estados Unidos). Na verdade, o risco de contrair SCT é tão pequeno nos dias de hoje que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças já nem sequer a rastreiam mais. Mas, para algumas mulheres a paz de espírito pode ser um motivador importante: Janaye Murphy, parteira de 29 anos de San Francisco (EUA), diz que ama seu copo porque ela pode usá-lo por mais tempo que um absorvente "sem se preocupar com o SCT."
Embora os copos menstruais ofereçam benefícios óbvios, nem todo mundo é fã. Algumas mulheres nunca conseguiram se ajustar a eles. A reverenda Kimberly-Ann Talbert, 60, de Los Angeles (EUA), tentou o Tassaway, um tipo de copo menstrual que não é mais fabricado. Ela disse que achou o copo "difícil de inserir e um pouco desconfortável."
"Tirá-lo era difícil, pois eles podiam derramar seu conteúdo e fazer sujeira", disse Talbert. Ela vai continuar com os absorventes por enquanto.
Ela não é a única mulher que admitiu experimentar alguns vazamentos antes de aprender como inserir e remover um copo menstrual corretamente. Quando chega a hora de esvaziar o copo, a mulher joga o sangue coletado no banheiro, lava o copo na pia com água morna e sabão e, em seguida, volta a inseri-lo em sua vagina. Se ela estiver em um lugar onde não pode lavar o copo, ela pode apenas esvaziá-lo, limpá-lo com um pouco de papel higiênico e, em seguida, recolocá-lo (sem esquecer de lavá-lo adequadamente quando for possível, é claro). O processo é manual e mais fácil que aprender a usar um absorvente, e pelo fato do copo recolher e não absorver o sangue, os derramamentos e vazamentos podem ser um pouco dramáticos.
Essa vedação hermética mencionada por Tierno também pode deixar suas usuárias em apuros: em um único caso, publicado no International Journal of STD & AIDS, um pesquisador escreveu sobre uma paciente de 20 anos de idade, cujo Mooncup ficou preso tão profundamente em sua vagina que até o médico teve dificuldades para retirá-lo.
Mas a maioria das pesquisas que compara os copos com outros produtos menstruais descobriu que as mulheres gostam deles, tanto quanto os absorventes ou os preferem, se forem dadas outras opções.
Matéria publicada em Brasil Post.