Campanha arrecada doações para meninas do Piauí
Idealizada por amigos das
adolescentes, a iniciativa “Flores Para Elas” já arrecadou mais de 200%
do valor estipulado para ajudar vítimas de estupro
Andréia Barbosa, uma das idealizadoras da campanha “Flores Para Elas” – que está arrecadando dinheiro e realizando ações para ajudar as vítimas de um estupro coletivo que chocou o Piauí e o Brasil – se surpreendeu ao visitar a página que montou para receber doações para as meninas até o dia 22 deste mês.
Até a noite de quarta-feira (10), o grupo ultrapassou o objetivo a ser arrecadado (R$ 5 mil) e conseguiu angariar mais de R$ 10 mil. “Esse dinheiro será distribuído entre as famílias das quatro vítimas, inclusive para a menina que, infelizmente, faleceu”, declarou Andréia ao Portal da Band, citando Danielly Rodrigues Ferreira, de 17 anos, que teve hemorragia interna e foi enterrada na última segunda-feira (8).
Danielly e Andréia eram amigas próximas. “Senti muito a morte dela”, desabafou. E ela não foi a única. Toda a cidade de Castelo do Piauí, a 190 km da capital Teresina, ficou chocada com o crime, que aconteceu no dia 27 de maio.
Naquele dia, quatro meninas com idades entre 15 e 17 anos subiram um morro para fazer fotos, quando foram abordadas por Adão José de Sousa e quatro menores. De forma brutal, elas foram agredidas, amarradas, violentadas e depois jogadas de um penhasco da altura de um prédio de três andares.
No mesmo dia, a população local realizou manifestações com pneus queimados na frente da delegacia da cidade. Quando os acusados foram presos, cerca de três mil pessoas se reuniram em frente ao local para acompanhar a chegada dos criminosos. Na sequência, fizeram uma caminhada pedindo justiça. “O mais curioso é que a cidade deixou de lado a revolta para pensar na paz”, observou Andréia.
Dois dias após o ocorrido, surgiu o “Flores para Elas”. “A ideia inicial era arrecadar mensagens e flores para as meninas”, contou. “A campanha teve tanto sucesso que, depois que eu criei a página para arrecadar dinheiro, na segunda-feira, conseguimos em menos de três dias muito mais do que nas duas semanas iniciais da campanha”, celebrou a jovem.
“A família está transtornada”, diz irmão de vítima
Irmão de Rafaela, de 17 anos, José Mário Franco não quer pensar no que aconteceu. “A família está transtornada, mas o que importa agora é a recuperação dela”, diz ao Portal da Band o morador de São Paulo que voltou ao Piauí para ficar ao lado da irmã.
A adolescente é a única que permanece internada. Na terça-feira (9), uma das vítimas recebeu alta após 14 dias no Hospital de Urgência de Teresina. No sábado (6), outra menina do grupo também pôde ir para casa.
Segundo José, Rafaela está consciente, tem apresentado melhoras e, ao que tudo indica, também deixará o hospital. “Ela está reagindo muito bem. Está comendo, deve tirar a sonda em breve e, de acordo com a médica, se continuar dessa forma, ela pode ter alta na próxima semana”, disse ele. “Ela só não consegue falar ainda, só responde ‘sim’ e ‘não’ com a cabeça quando fazemos perguntas.”
Parte do dinheiro arrecadado, aliás, ajudará muito a família de Rafaela. “Os pais são muito humildes”, contou Andréia. “Eles estão tendo gastos com transporte (a passagem de ida e volta a Teresina, segundo ela, é de R$ 200), estadia e alimentação. Essa ajuda vai cobrir esses gastos, além de auxiliá-la no futuro com psicólogo e tratamentos para a fala dela, que ficou comprometida”, acrescentou.
Relembre o caso
Piauí: quatro adolescentes são estupradas
Vítimas têm entre 15 e 17 anos e foram encontradas desacordadas
Quatro jovens foram estupradas e
agredidas na noite da última quarta-feira, em Castelo do Piauí, distante
190 quilômetros de Teresina. As meninas, com idades entre 15 e 17 anos,
foram encontradas violentadas e desacordadas, segundo a Polícia Civil
do Piauí, e levadas para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT).
Duas das vítimas, ambas de 17 anos, passaram por
cirurgia, e o estado de saúde delas é grave, de acordo com a Fundação
Municipal de Saúde de Teresina. Uma delas está na Unidade de Terapia
Intensiva (UTI), com traumatismo craniano, e outra, na unidade
semi-intensiva. As adolescentes de 15 e 16 anos sofreram escoriações e
foram internadas, mas não correm risco de morrer.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Willame
Moraes, quatro menores foram apreendidos, na madrugada de quinta-feira,
suspeitos de participar do estupro. Um homem está foragido, informou.
De acordo com Moraes, por volta das 16h de
quarta-feira, as meninas foram, em duas motos, a um ponto turístico
próximo à cidade para fazer algumas fotografias. Ao chegar ao local,
segundo o delegado, foram rendidas pelos cinco suspeitos.
“Elas foram abordadas, amarradas, amordaçadas e,
durante duas horas, sofreram violência sexual. Após os estupros, o maior
[de idade] jogou essas meninas ainda amarradas de uma altura de mais de
6 metros. Como elas sobreviveram, dois menores, a mando do maior,
desceram até onde elas estavam e apedrejaram a cabeça delas, com o
intuito de matá-las”, informou Moraes.
De acordo com o delegado, durante a operação, na
madrugada, os menores suspeitos foram apreendidos e confessaram o crime.
Eles foram levados para Campo Maior, a 80 Km da capital piauiense, e
devem ser transferidos para Teresina. Segundo o delegado, a população de
Castelo do Piauí tentou invadir a delegacia da cidade.
UMA DAS VÍTIMAS MORRE
A garota morreu no início da noite de domingo (7) no Hospital de Urgência da capital.
Segundo a Secretaria de Saúde, a jovem teve esmagamento da face e lesões no pescoço e no tórax. A equipe médica não conseguiu evitar as complicações decorrentes das hemorragias. A prefeitura de Castelo do Piauí, cidade com 18 mil habitantes, decretou luto de três dias e as aulas foram suspensas.
No último dia 27, a garota e mais três amigas, com idades entre 15 anos e 17 anos, foram encontradas pela Polícia Civil violentadas e desacordadas. As demais vítimas passam bem e devem receber alta médica nesta semana.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Willame Moraes, as meninas foram, em duas motos, a um ponto turístico próximo à cidade para fazer fotografias. O delegado disse que, nesse local, elas foram abordadas, amarradas e amordaçadas e durante duas horas sofreram violência sexual.
Quatro menores foram apreendidos e um adulto preso, todos envolvidos no crime. “Após os estupros, o maior [de idade] jogou as meninas ainda amarradas de uma altura de mais de 6 metros. Como elas sobreviveram, dois menores, a mando do maior, desceram até onde elas estavam e apedrejaram a cabeça delas, com o intuito de matá-las”, informou Moraes.
No dia seguinte ao crime, cerca de mil moradores da cidade fizeram uma manifestação na porta da delegacia e chegaram a atear fogo em pneus em um protesto contra a falta de segurança e para pedir a prisão dos suspeitos.