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terça-feira, 11 de março de 2014

Refrigerante Mineirinho resiste no mercado enfrentando ‘gigantes’ do setor

Criada em 1940 em Ubá, bebida de Chapéu de Couro é fabricada há mais de trinta anos em São Gonçalo

NITERÓI (O GLOBO)- Existem marcas que conquistam um valor afetivo com consumidores de uma forma que poucas campanhas publicitárias conseguem. Algumas desaparecem e se tornam itens de colecionador. Outras resistem ao tempo e ultrapassam gerações, ganhando cada vez mais fãs. O refrigerante Mineirinho está incluído nesse segundo grupo. Apesar do nome, é um produto tipicamente fluminense. Criado há 74 anos, sua popularidade foi confirmada na edição mais recente da pesquisa “Marcas dos cariocas”, desenvolvida pelo GLOBO em parceria com o Grupo Troiano e publicada em outubro. O Mineirinho ficou em quarto lugar na categoria “refrigerante”, logo atrás de gigantes do setor como Coca-Cola, Pepsi e Guaraná Antarctica.


— Manter-se no mercado não é fácil. Estamos competindo com alguns dos maiores conglomerados industriais do planeta. A concorrência sempre foi muito dura. Prova disso é que o Brasil chegou a ter cerca de 800 fábricas de refrigerante e, hoje, não há mais do que 200. As gigantes não aceitam perder um por cento sequer de seus consumidores. Para nós, atrair esse percentual já seria uma grande conquista — afirma Marco Taboadela, que dirige a empresa ao lado de Roberto Ferah.
'Escondido’ nas prateleiras
Os dois garantem que a bebida pode ser encontrada com facilidade em qualquer cidade do estado. A realidade não é bem assim, mas talvez isso nem seja um problema. Pelo contrário, a relativa dificuldade para achar o Mineirinho acabou criando uma mística em torno do refrigerante. Alguns bares, lanchonetes e supermercados conquistam clientes fieis simplesmente pelo fato de terem Mineirinho nas prateleiras.
A fabricação é feita num parque industrial em São Gonçalo que tem 24 mil metros quadrados e cerca de 300 funcionários. Por questões de estratégia comercial, números da produção não são revelados. Os diretores também desconversam quando perguntados se já receberam ofertas de outras empresas pela marca.
— Existe essa lenda de que a Coca-Cola tenta comprar o Mineirinho. A gente não confirma nem desmente, só achamos muito bom que o nome esteja sendo lembrado pelas pessoas. Isso é sinal de que estamos fazendo sucesso — diz Taboadela.
Outro fato que deixa os empresários orgulhosos é o da bebida não ter um concorrente direto. Enquanto existem refrigerantes com sabores cola, laranja, guaraná, uva e limão de diversas marcas, o Mineirinho é o único feito de chapéu-de-couro. O cultivo da planta, próprio, é feito na cidade de Tanguá.
— Nossa matéria-prima é uma erva tipicamente brasileira, com diversas propriedades medicinais. Apesar disso, ao contrário de algumas marcas que se vendem como grandes fontes de energia mesmo não tendo nada além de açúcar, sempre deixamos claro que vendemos um refrigerante, não um remédio — diz Ferah, destacando também que a bebida é livre de sódio.
O Mineirinho foi também um dos primeiros refrigerantes vendidos em embalagem PET, a partir de 1989. A Coca-Cola, por exemplo, só adotou esse modelo em 1991. Os diretores da marca dizem que inovação é um fator primordial para a empresa continuar existindo.
— Não queremos ser lembrados como algo nostálgico, uma marca presa ao passado. O Mineirinho está mais vivo do que nunca. Nosso grande sonho é levar a bebida para fora do estado e ganhar o país — diz Taboadela.
Relação íntima com a região
A história do Mineirinho começou, de fato, em Minas Gerais. A empresa foi fundada em 1940 na cidade de Ubá, mas, em 1946, foi transferida para o Ponto Cem Réis, em Niterói.
— Ficamos na cidade até 1979. A demanda começou a crescer, e o espaço ficou pequeno. Tínhamos também o problema recorrente de falta d’água. A solução foi construir um parque industrial no bairro Barro Vermelho, em São Gonçalo, onde permanecemos até hoje. A fórmula da bebida é a mesma desde 1946 — garante Ferah.