Candice Huffine é uma mulher linda. Tão linda que a modelo plus size é a sensação do famoso Calendário Pirelli, que sempre estampou, em seus doze meses, mulheres que o mundo da moda reverencia como padrão de beleza perfeita. E, sim, com seu corpo curvilíneo, Candice voltou a causar furor, no lançamento do calendário, com seus 85 quilos e 1,80m de altura, representando o mês de abril do Calendário Pirelli 2015. O primeiro grande debate sobre o assunto [padrão de beleza] surgiu quando ela foi anunciada como uma das modelos escolhidas para a edição do ano que vem.
E quem já teve a oportunidade de conferir, pode comprovar que ela arrasa nas fotos. Expõe o corpo de maneira linda e parece ter certeza do valor que ele possui. Além de mostrar que sabe como a sua aparição na peça publicitária da empresa italiana pode ajudar a modificar a indústria da moda. Antes de Huffine, duas outras modelos plus size já tinham figurado no Calendário Pirelli. São elas Sophie Dahl, que ilustrou o mês de fevereiro da edição de 1999, e Pollyanna McIntosh, que veio no mês de dezembro de 2004.
Porém, o sucesso de Candice Huffine, essa americana de 30 anos, é tão grande que vem colocando fogo nos debates sobre o tamanho ideal dos corpos das modelos. Além disso, traz à tona, claro, temas como a diversidade de belezas existentes e a necessidade de se abrir espaço para os mais diferentes biotipos. O que é válido, inclusive, quando se tem representantes mais próximas da "mulher real".
Quem é a mulher real?
Todas as mulheres são reais. Ninguém pode dizer que modelos magras e esquálidas não são reais porque elas são. Elas apenas não representam a grande maioria do restante das mulheres do mundo, como Candice Huffine faz. A moça é linda, bem resolvida e tem angariado a simpatia até mesmo das colegas que são "modelos convencionais", digamos assim.
A grande questão é que a indústria da moda investe, em sua maioria, nas modelos magérrimas, tendo-as como padrão ideal de beleza. E por outro lado, bombardeiam as mulheres de corpos mais curvilíneos com mensagens enfatizando o quanto não somos belas o suficiente. Bem da verdade é que quanto mais mulheres insatisfeitas com a própria beleza, mais esse mercado vende produtos e fatura alto.
Vivemos num círculo de insatisfação e frustração constantes. Reclamamos mas não questionamos. Precisamos de mais Candices nos representando. Quem sabe assumindo nosso próprio corpo e a felicidade de sermos quem somos não enfraquecemos um pouco esse "nó de cobranças midiáticas" que nos sufocam o tempo todo?