Atores homenageiam Carequinha no centenário do palhaço
Alunos da Eslipa cantaram 'Parabéns! Parabéns!' para o mestre.
'É o nosso exemplo máximo de palhaço brasileiro', afirma ator circense.
A Sociedade Fluminense de Fotografia em Niteroí (próximo ao Hospital Antônio Pedro)e o engenheiro Théo Erthal fazem justa homenagem aos 100 anos do Palhaço Carequinha numa belissima exposição de fotografias contando sua vida.
O nascimento do George Savalla Gomes, o Carequinha, completa 100 anos
no sábado (18). Se depender dos jovens aprendizes da arte circense de
fazer rir, o legado do mais famoso palhaço brasileiro, morto em 2006,
está longe do fim. Na quarta-feira (13), durante um show gratuito no
Largo do Machado, na Zona Sul do Rio, alunos da Escola Livre de Palhaços
(Eslipa), que funciona na Escola Nacional de Circo, falaram ao G1 sobre o ídolo e cantaram o famoso "Parabéns! Parabéns!", imortalizado por ele (veja acima).
“O Carequinha está para os palhaços assim como Pelé, Romário e Zico
estão para os jogadores de futebol. Ele é o nosso exemplo máximo de
palhaço brasileiro”, afirmou um dos fundadores da Eslipa, o ator Richard
Riguetti, que vive o Palhaço Café Pequeno da Silva e Psiu há 38 anos.
Os aprendizes de palhaços relembram o trabalho do mestre por fotos,
filmes e programas de TV, atualmente mais acessíveis como materiais de
pesquisa graças à internet.
Convivência de perto
A atriz Cínthia Nunes (foto abaixo), de 27 anos, que encarna a Palhaça Rita Roberta, teve a oportunidade de conhecer o ator de perto. Ela cresceu em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, onde George Savalla morava. Durante sua infância e adolescência, ela conviveu não com o Carequinha, mas com o homem que estava por trás da maquiagem e do nariz vermelho.
A atriz Cínthia Nunes (foto abaixo), de 27 anos, que encarna a Palhaça Rita Roberta, teve a oportunidade de conhecer o ator de perto. Ela cresceu em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, onde George Savalla morava. Durante sua infância e adolescência, ela conviveu não com o Carequinha, mas com o homem que estava por trás da maquiagem e do nariz vermelho.
“Eu sempre passava em frente à casa dele. Só que eu nunca imaginei que
eu seria uma palhaça. Senão, eu tinha aproveitado muito mais o contato
com ele. Eu passava e ele estava de roupa social, com o cabelo bem
penteado. Um figurino totalmente sério. O oposto do que seria o figurino
de palhaço era ele no dia a dia. Ele ficava sentado em frente a casa. E
eu passava e falava com ele. Tanto que eu tenho um cartãozinho
autografado, que ele escreveu para mim,” conta Cínthia, que só teve
contato com Carequinha nos palcos e no circo mais tarde, em uma
formatura.
Ela comenta que o humor de Carequinha não tem apelação. “O que eu acho
que é mais importante no trabalho dele é a inocência. São as
brincadeiras, as piadas mais inocentes que fazem tanto o adulto quanto a
criança rirem.”
Tiago Carva, que desde 2010 incorpora o Palhaço Churumello, concorda que o segredo do trabalho de Carequinha é a simplicidade.
“O sorriso, não por truques ou traquitanas. Ele tinha carisma próprio. O
olhar e o sorriso dele, já naquela fase de bom velhinho, encantavam
qualquer criança. Às vezes, ele não precisava fazer nada, mas com o
sorriso já encantava multidões”, destaca.
Tiago lamenta não ter tido contato pessoal com o mestre, como Cínthia o
teve, mas afirma rever o trabalho de Carequinha em vídeos e em
ensinamentos e ressalta que o trabalho dele continua a ser referência.
“A busca pelo circo tradicional e pelo palhaço brasileiro passa por ele
e por vários outros palhaços, que sempre serviram de exemplo e permeiam
este meio do circo e do humor brasileiro. O Carequinha é um dos maiores
exemplos de palhaço a se seguir”, afirma Tiago.
Referência
Lilian Moraes, que fez nascer em 1991 a Palhaça Currupita, confirma que o trabalho de Carequinha é referência. “Eu sou do Rio de Janeiro..
Então, o Carequinha foi o palhaço da minha infância. Eu o acompanhava
sempre que podia. Minha mãe me levava às apresentações dele. Ele tinha
alguns shows que circulavam e a gente estava sempre presente quando
podia. Ele foi a minha referência de palhaço”.
Ela acredita que o trabalho do artista chama a atenção por levar à tona
o que há de mais escondido nos seres humanos. “O Carequinha, acredito
que assim como a maioria dos palhaços brasileiros, tem a capacidade de,
através da sua obra, lidar com a fragilidade do ser humano”.
O casal de atores Martha Paiva e Gabriel Sant’Anna, de 28 e 36 anos
respectivamente, interpretam os palhaços Dondoca e Pastel. Moradores de
São Gonçalo, mesmo não tendo conhecido Carequinha pessoalmente, afirmam
terem sido impactados pelo trabalho dele.
Gabriel Sant'anna (foto acima com Martha Paiva) conta que conheceu o trabalho de George Savalla Gomes quando era menino, em Itatiaia.
“O Carequinha, para mim, foi meu primeiro imaginário de palhaço. Eu
ainda era moleque e ele era aquele palhaço que entrava pela ‘tevelisão’.
Eu via e dizia: um dia eu quero ver o Carequinha de perto”.
Já adolescente, viveu uma aventura para conhecer o ídolo de perto.
Gabriel conta que pegou um ônibus para outra cidade e viu um show
biográfico do palhaço, que durou quatro horas. “Foi a única vez que vi o
Carequinha. E ele ficou grudado no meu coração”.
A Palhaça Dondoca conta que ver o artista abriu espaço para que ela
gostasse das artes circenses. “Ele me ajudou a achar isso tudo muito
legal”.
Richard Riguetti, um dos fundadores da Escola Livre de Palhaços
(Eslipa), reitera a importância do exemplo do mestre das brincadeiras no
picadeiro para os palhaços brasileiros. “O legado do Carequinha é
manter a arte do palhaço viva no coração de todos os brasileiros. Ele
significa a esperança no futuro. O homem ri porque crê, porque acredita
no futuro, porque vislumbra um futuro melhor. Este é o legado que o
Carequinha deixou para todos os estudantes de palhaço do Brasil”.