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domingo, 23 de agosto de 2020

SOFRI TODOS OS TIPOS DE VIOLÊNCIAS QUE UMA MULHER PODE SUPORTAR, MAS EU VENCI! - por Paula Duarte


O CulturarTEEN traz para nossos leitores, em especial para nossas leitoras, mais um relato forte, emocionante, de uma linda jovem, uma linda mulher, que superou, venceu, mas que se não fosse algumas ajudar que recebeu pelo caminho, mas principalmente sua força de vontade, hoje poderia ser apenas mais uma história triste, mais um número na estatística.


O nome dela é Paula Duarte (35), nascida em Niterói, com passagem por Maricá (onde mora sua família) e morando atualmente em Tanguá. Casada (agora feliz), mãe de três lindos filhos Danyel Felype (16), Iam Lucas (10) e Pedro Isaac (6), e em breve, vovó.

A seguir, um relato forte e que sirva de exemplo para outras mulheres oprimidas como foi Paulinha:

"Às vezes vocês amigos de Facebook, de redes sociais devem ficar se perguntando o porque de eu postar tanta foto com meu marido e fazer mil declarações...


Pois bem, sei que muitos não conhecem a minha história de vida mas só pra começar eu deixo uma indagação: 
- Como eu pude me contentar com tanta migalha por tanto tempo? 
- Onde estava o meu amor próprio? 
- Por que não tive forças antes para tomar uma atitude radical de uma vez por todas? 


Então, resolvi tomar coragem e com apoio de amigos (verdadeiros anjos em minha vida), estou aqui para contar um pouco da minha história e da minha superação.


Eu vivi  10 anos da minha vida casada com uma pessoa do qual por 8 anos e meio me proporcionou um relacionamento abusivo. Um relacionamento onde eu era oprimida, reprimida, humilhada, mal tratada, sofria todo o tipo de violência, a patrimonial, verbal, psicológica e física (além de literalmente apanhar, por vezes era violentada, no corpo e na alma). Eu não tinha paz e não era feliz. 


No começo tudo é flores! Eu iludida e envolvida com as rosas da conquista me apaixonei pela forma "doce" e carinhosa que ele me tratava. Logo fomos morar juntos. Dentro de poucos meses eu já estava grávida do nosso primeiro filho. A gestação foi maravilhosa. Ele era um super marido e um pai babão. Mas o inferno começou quando o bebê nasceu... Pois junto com ele veio a morte de um homem carinhoso e doce, aparentemente inofensivo a mim e incapaz de me machucar, e o nascimento de um ser que não posso dizer que seja humano, porém, totalmente dissimulado, mentiroso, vingativo e violento. 


Durante esses 8 anos e meio, eu tentei me separar por inúmeras vezes. Aproveitava as brigas intensas e as agressões, quando ele me colocava pra fora de casa para sair daquela situação. Mas era em vão, pois ele sempre vinha atrás de mim. Me procurava, ia onde eu estava e pedia perdão. Dissimuladamente e persuasivamente ele me convencia de que a culpada era eu! Que eu fiz ele fazer aquilo. Ele conseguia manter o controle sobre a minha mente a ponto de eu acreditar nas suas desculpas e suposto arrependimento. E eu voltava pra casa.

E assim foram anos. Ele nunca mudava. Chegou um momento onde eu não tinha mais abrigo, apoio e nem credibilidade de meus amigos e familiares. Pois eu sempre voltava pra ele. 

Fiz vários boletins de ocorrência, mas também nem sempre davam em alguma coisa. A demora era tanta da justiça que nesse meio tempo ele acabava me procurando e nos reconciliando, então, eu BURRAMENTE deixava pra lá.


Mas o tempo continuou a passar. Eu continuava infeliz. Queria sair daquele inferno. Mas não conseguia. Ele me humilhava de certa forma que eu acabava me mantendo estagnada.   A minha vida era andar em círculos, pois eram tentativas e mais tentativas de sair daquele relacionamento, mas no fim das contas eu rodava, rodava e parava no mesmo lugar. Eu não conseguia compreender como podia um cidadão dizer que me amava, mas quebrar minhas coisas dentro de casa, rasgar roupas, fotos, me xingar de todos os nomes possíveis (demônio, puta, desgraça, satanás, vadia, piranha, vagabunda), me ofender desde a hora que acordava até a hora de dormir, me agredir a ponto de ir parar em hospitais para sutura, ter que ficar dias dentro de casa para não verem minhas marcas roxas, provocar horas de choros profundos e incessantes onde parecia que meu coração ia estourar de tanta tristeza e angústia. 


A sensação que eu tinha de querer sair daquela situação e não conseguir, é de como se você estivesse dentro de um poço profundo, gritando com todo o ar dos seus pulmões gritando com sua alma, mas em vão, pois ninguém te ouvia e você não vê esperança para sair daquele lugar. Assim eram os meus dias. Mas existe um Deus que ouve seus filhos, se compadece de sua aflição, e um dia Ele determinou o "basta". 


O processo não foi fácil! Tive que fazer escolhas que pensei nunca fazer (e em outro momento, com mais coragem falarei sobre isso), mas era minha fuga, meu refúgio e minha única saída naquele momento. Mas isso também passou e não me arrependo. Precisei de muita determinação pra isso.


Nos pais são de Maricá, na época morava em São José do Imbassai, e então descobri uma instituição chamada de CEAM (Casa de Apoio a Mulher) no centro de Maricá no dia em que havia ido ao fórum (19/03/18) para saber sobre a minha medida protetiva (pois um dia antes (18/03/19) ele havia sido preso em flagrante, porém solto no dia seguinte, o que me deixou em pânico.


Como a minha medida não havia saído e ele já estava solto, os atendentes do JECRIM no fórum me falaram sobre essa instituição e eu fui pedir socorro. Lá elas me ouviram, me acolheram, me abraçaram e se mobilizaram para me proteger e ajudar.


Logo de imediato elas me levaram para um abrigo para mulheres vítimas de violência doméstica; sem contato com o mundo exterior, familiares, amigos e sem celular. Três meses de reclusão: Como assim? Porque? Ele quem deveria estar preso e não eu! Mas, a justiça é falha. E já que ela não os prende ou os mantém preso para nossa proteção, há a inversão de valores, onde nós é quem devemos ficar escondidas e presas em prol de defender nossa vida. 


Enfim, 3 meses se passaram e a empresa onde eu trabalhava precisava que eu retornasse da licença que eu havia recebido. Graças a Deus, os responsáveis pelo DP do Supermarket foram muito sensíveis ao meu caso. Me ofereceram a possibilidade de trabalhar em outra loja, em outra cidade e recomeçar a minha vida longe do meu agressor.

Óbvio que eu aceitei. Afinal das contas, naquele momento eu tinha 3 filhos para sustentar e uma vida para tomar as rédias. Me mudei para Tanguá, com meus 3 meninos. Cheguei aqui com uma bolsa de viagem com poucas roupas para mim e meus filhos, pois foi a mesma bolsa que levei pro abrigo para passar apenas 10 dias e onde fiquei três meses.


Recomecei do zero. Tive muita solidariedade no caminho, pois muitas pessoas me ajudaram com doações, como foi o caso da minha tia Luciulla Tzoulas, Beatriz Souza, Anderson Ferreira, a diretora da escola municipal Iasmin, meus pais, a casa da mulher de Maricá com toda a sua equipe. Foi uma corrente que me deu as "muletas" para começar a caminhar! 

Nesse início de trajeto eu conheço o Marcos Paulo, que era meu colega de trabalho. Nos conhecemos melhor com o passar dos dias, das nossas conversas pelo whatsapp, e assim analisei muitos fatores sobre ele e me apaixonei depois de investigar um pouco a vida dele (rsrsrs), claro, eu precisava me prevenir para não passar por tudo de novo, não é?


E assim foi... Ele e eu nos conhecemos melhor, nos apaixonamos e decidimos que iríamos ter uma vida juntos. Ele é incrível como pai, como pessoa, como profissional, como filho, como amigo e não menos importante, também como Marido! 


Depois de 2 anos evoluindo e tendo o relacionamento que sempre quis pra minha vida, eu me questiono: como pude me contentar com tão pouco? Mas eu  sempre ouvia assim do meu algoz: "você nunca vai encontrar alguém que nem eu, que não vai te deixa faltar nada, que te deu um nome!"


Graças a Deus que não! Eu encontrei um alguém que é 1 milhão de vezes melhor pra mim! Nesse novo trajeto de vida, eu puder viver a melhor fase de mim mesma. Melhorei minha auto estima (e ai, foi fundamental a chegada de um anjo na minha vida, que falarei daqui à pouco), pois ele dizia horrores sobre minha aparência, que eu era seca, magra, que parecia aidética, que eu tinha cara de doente, de fato eu era doente, ele era minha doença.


Comecei a me cuidar a me amar, para meu então novo namorado e depois da chegada deste anjo, que sabe valorizar uma mulher! Comecei a usar as roupas que eu tinha vontade, pois pra ele eu tinha que andar sempre coberta dos pés à cabeça, quanto mais largada e mal arrumada pra ele era melhor. Passei a postar mais fotos e sorrir mais...


Foi nesse percurso que conheci o Pery, um anjo na minha vida, um ser humano encantador! Um gentleman, um homem que sabe tratar bem e valorizar uma mulher! Que me ajudou mais ainda com meu amor próprio, pois ele e sua produtora me ofereceram a oportunidade de explorar a beleza que eu sempre tive mas estava escondida por trás de tanto sofrimento e amargura. Mostrou quem eu era, me valorizou, me fez ver quem eu era e o que eu podia ser e ter. Fez ensaios fotográficos comigo despertando minha vaidade. Fui eleita "A Mais Bela Comerciária de Tanguá 2019", depois fui eleita a Musa de Tanguá 2019 e o que eu mais amei foi ter sido eleita a Musa do Arte na Estrada 2019, um projeto que a PR Produções desenvolve por vários anos com o Boteco do Raul no Parque Nanci em Maricá. Foi lá que eu conheci Osias Silveira, um grande artista plástico, que eu admiro muito e acabei me tornando também sua musa inspiradora, chegou a criar uma peça em tamanho natural e batizou com o meu nome. Eles me ajudaram muito nesse processo de levantar minha auto estima e me dar apoio!

O produtor e jornalista Pery Salgado, Josiane Farias (Miss Maricá Inclusiva 2019),
Paula Duarte e Osias Silveira (artista plástico)

É por esse motivo que eu sou tão feliz e posto muitas fotos mesmo! Por pura satisfação de hoje ter alguém que realmente valha a pena. Por ter minha beleza admirada, beleza essa que eu não achava existir devido a ter alguém que só me diminuía. Por que eu sim, encontrei alguém que me respeita acima de tudo. Que me valoriza e nunca jamais me oprimiu, me xingou, humilhou ou me agrediu. Que me apoia incondicionalmente. 


Eu venci! Eu quebrei o círculo de violência! Eu me libertei e hoje eu amo a mim mesma, e nunca mais vou deixar ninguém me diminuir, já que hoje eu vivo ao lado de um homem de caráter, um homem de verdade, que me idolatra como pessoa, venera o meu caráter, põem minha beleza e inteligência no pedestal.


Mulheres, digam Não! Não se deixem mais ser humilhadas!

Não se deixem vencer pelo psicológico... Eles querem amarrar vocês no relacionamento usando as armas mais sujas entrando em suas mentes, usando, manipulando nossos corpos, nos violentando literalmente no corpo e principalmente no espírito, o que dói mais.


Denunciem e não fiquem paradas! Não só a prefeitura Maricá, mas a de Tanguá e a de todos os municípios brasileiros também oferecem apoio e toda proteção e cuidados que você precisa para sair da situação que possam estar vivendo. 


A instituição se chama CEAM (Centro de Apoio a Mulher). A de Maricá fica na rua Vereador Luiz Eduardo atrás da rodoviária de Maricá, ao lado do SAREM.


Sei que nesse período de pandemia muitas mulheres podem estar acoadas dentro de suas casas sem saber oque fazer. Mas não se submetam mais a isso. Procure ajuda, procure socorro, procure apoio!


Disk 108 e se libertem para ser feliz, como agora eu sou. EU VENCI, EU SUPEREI!"

Paula Duarte