Paula Laboissière
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O cigarro deve matar em 2011 quase 6 milhões de pessoas em todo o mundo – dessas, 600 mil são fumantes passivos. O número representa uma morte a cada seis segundos. Até 2030, a estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que 8 milhões de pessoas podem morrer em consequência do fumo.
A OMS classificou o tabaco como um dos fatores que mais contribuem para a epidemia de doenças não contagiosas como ataques cardíacos, derrames, câncer e enfisema. O grupo é responsável por 63% de todas as mortes no mundo. Dados indicam que metade dos fumantes deve morrer em razão de uma doença relacionada a esse hábito.
No Dia Mundial sem Tabaco, lembrado hoje (31), a OMS listou avanços no enfrentamento ao cigarro. Entre os destaques estão países como o Uruguai, onde os alertas sobre o risco provocado pelo cigarro ocupam 80% das embalagens. A China, Turquia e Irlanda também receberam elogios por leis que proibem o fumo em locais públicos.
Entretanto, menos da metade dos países que aderiram à Convenção de Controle do Tabaco (2003) e que enviaram relatórios à OMS registraram progresso no combate ao fumo. Apenas 35 de um total de 65, por exemplo, registraram aumento nos investimentos para pesquisas no setor..
Um estudo feito pelo Ministério da Saúde mostra que entre 2006 e 2010 a proporção de brasileiros fumantes caiu de 16,2% para 15,1%. Entre os homens, a queda foi maior – o hábito de fumar passou de 20,2% para 17,9%. Entre as mulheres, o índice permaneceu estável em 12,7%. Pessoas com menor escolaridade – até oito anos de estudo – fumam mais (18,6%) que as pessoas mais escolarizadas – 12 anos ou mais (10,2%).
Edição: Graça Adjuto
Dia Mundial Sem Tabaco chama a atenção dos fumantes pelo bolso
Dinheiro gasto com cigarro poderia ser usado para comprar até um carro. Número de fumantes no país diminuiu, segundo o Ministério da Saúde.
Entre as atividades do Dia Mundial Sem Tabaco, mutirão de limpeza e atendimento para verificar a saúde dos pulmões. O chefe de cozinha Luiz Otávio, que fuma desde a adolescência, parou para pensar: ele gasta mais de dois mil reais por ano com cigarros.
Ele fuma um maço e meio de cigarro por dia, todo dia, a vida inteira. Hoje percebeu que teria economizado cerca de 70 mil reais em 20 anos, se não fumasse. “Eu poderia comprar um carro, porque eu não tenho. Se deus quiser eu vou sair dessa”, diz Luiz Otávio, chefe de cozinha.
De acordo com o Ministério da Saúde, o número de fumantes no Brasil, diminuiu nos últimos cinco anos, principalmente entre os homens. Em compensação, dois grupos aumentaram o consumo e preocupam muito os médicos atualmente: as mulheres jovens – que além de fumar tomam anticoncepcionais -, e os adolescentes. Christian de 19 anos nem sabe direito porque começou. “A galera fuma, e aí eu comecei a fumar”, diz.
Entre as mulheres em idade fértil a combinação de fumo e contraceptivos aumenta em dez vezes o risco de trombose. Mesmo assim Ana Cristiane, de 24 anos diz que não consegue largar o vício. “Eu percebi que só não consegui por causa de influências de pessoas que estão próximas de mim. Se eu vejo fumando me dá mais vontade ainda”, declara Ana Cristiane Leite, comerciária.
Para Antonio, então, que fuma há mais de 40 anos, parar tem sido mais difícil ainda. “Esse ano mesmo já passei um mês sem fumar e não consegui. Fazer o quê?”, afirma Antonio Leite, aposentado.
Antonio pode fazer tratamento de graça pelo Sistema Único de Saúde. Dura três meses, no mínimo, à base de consultas e remédios. “Até me animei, acho que eu vou lutar porque eu tenho lutado muito para parar”, diz Antonio.