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sábado, 21 de março de 2015

MELHORANDO O QUE ESTÁ ESCONDIDINHO - Cresce número de ninfoplastias

Cresce o número de Cirurgias Íntimas no Brasil. Procedimento já é o quinto mais procurado pelas mulheres

Beatriz Cruz


O que fazer quando a aparências de alguma parte do corpo afeta a autoestima! O desejo de remodelagem de mamas, bumbum e nariz é compartilhado com as amigas. Mas e quando essas insatisfação é com a região genital? Até pouco tempo, o assunto era tabu e ninguém queria falar abertamente sobre isso. Mas o aumento da procura pela ninfoplastia, intervenção cirúrgica que altera o tamanho e formato dos lábios vaginais, mostra que as mulheres tem se informado cada vez mais sobre o tema, recorrendo aos consultórios para corrigir o que para algumas representa, sim, um incômodo.
Segundo o cirurgião Evandro Lucena, há mulheres que sempre se incomodaram com isso, tendo até mesmo a vida sexual prejudicada devido ao constrangimento diante do parceiro. Para ele, o crescimento deste tipo de cirurgia tem a ver com a melhoria das técnicas cirúrgicas e com a maior divulgação desses procedimentos
“A preocupação com a estética na região íntima sempre existiu. Muitas pacientes me confidenciam que sempre se preocuparam e se sentiam desconfortáveis com a aparência da genitália, mas nunca souberam que poderiam melhora-la”, afirma Evandro.
O especialista diz que a maioria busca esta cirurgia com o objetivo de melhorar a aparência estética, mas também há pacientes que se submetem ao procedimento porque sentem dor durante a relação sexual. Apesar de o médico afirmar que não há contraindicações absolutas para a ninfoplastia, a recomendação é que o procedimento só ocorra após os 18 anos, quando a vagina já está completamente desenvolvida.
O aumento da procura pela cirurgia íntima feminina parece ser mesmo uma tendência não só no Brasil. Segundo relatório da Internacional Society of Aesthetic Plastic Surgery (Isaps), nos Estado Unidos já foram realizadas mais de 1,5 milhão de cirurgias íntimas. No reino Unido foram 1,2 milhão. Já no Brasil, houve um crescimento de 50% nos últimos três anos. Os dados apontam que por aqui já foram feitos mais de 13.683 procedimentos. Ainda de acordo com a pesquisa, no Brasil, a ninfoplastia assume o quinto lugar no ranking dos tratamentos mais procurados, perdendo apenas para a abdominoplastia, redução de mama, rinoplastia e otoplastia.

O cirurgião plástico André Ramos observa quem, geralmente, essa intervenção acontece após uma cirurgia maior de abdominoplastia ou implante de silicone. Segundo ele, algumas pacientes aproveitam a ocasião para incluir a ninfoplastia.
“Quando se fala em cirurgia íntima, o procedimento mais comum costuma ser a redução dos pequenos lábios vaginais. Mas também há a opção de aumento ou a lipoaspiração da região chamada monte de vênus”, explica André.
Quando o problema está no tamanho dos lábios vaginais, o especialista costuma aliar pequenas cânulas de lipoaspiração para ressecar o excesso de pele. Já nos casos em que se deseja aumentar o volume, o método aplicado é a lipoenxertia, com a aplicação de gordura da própria paciente.
As intervenções, explica o médico, costumam ser bem simples, podendo ser feitas com anestesia local, com duração de 15 minutos em média. “A paciente pode ir para casa no mesmo dia e trabalhar no dia seguinte. Nesta região, normalmente não há muito sangramento. O único cuidado indispensável é o resguardo sexual por pelo menos 30 dias”, informa o especialista, destacando que o preço do procedimento custa em torno de R$ 6 mil.

Apesar dos benefícios apontados por quem fez a ninfoplastia, a ginecologista Ivone Castro recomenda cautela na hora de tomar alguma decisão. Para ela, o desconforto feminino pode ser mais psicológico do que emocional:
“Muitas vezes, esse constrangimento das mulheres diante dos parceiros acontece por entenderem que não correspondem a um padrão de beleza imposto para o corpo feminino. Em qualquer procedimento cirúrgico, por mais simples que seja, os pelos, assim como os pequenos lábios, tem função protetora, funcionam como barreiras naturais contra infecções. Com a cirurgia, pode ser que aumente a incidência de inflamações na vulva”, alerta.