Cresce o número de Cirurgias Íntimas no Brasil. Procedimento
já é o quinto mais procurado pelas mulheres
Beatriz Cruz
O que fazer quando a aparências de alguma parte do corpo
afeta a autoestima! O desejo de remodelagem de mamas, bumbum e nariz é
compartilhado com as amigas. Mas e quando essas insatisfação é com a região
genital? Até pouco tempo, o assunto era tabu e ninguém queria falar abertamente
sobre isso. Mas o aumento da procura pela ninfoplastia, intervenção cirúrgica
que altera o tamanho e formato dos lábios vaginais, mostra que as mulheres tem
se informado cada vez mais sobre o tema, recorrendo aos consultórios para
corrigir o que para algumas representa, sim, um incômodo.
Segundo o cirurgião Evandro Lucena, há mulheres que sempre
se incomodaram com isso, tendo até mesmo a vida sexual prejudicada devido ao
constrangimento diante do parceiro. Para ele, o crescimento deste tipo de
cirurgia tem a ver com a melhoria das técnicas cirúrgicas e com a maior
divulgação desses procedimentos
“A preocupação com a estética na região íntima sempre
existiu. Muitas pacientes me confidenciam que sempre se preocuparam e se
sentiam desconfortáveis com a aparência da genitália, mas nunca souberam que
poderiam melhora-la”, afirma Evandro.
O especialista diz que a maioria busca esta cirurgia com o
objetivo de melhorar a aparência estética, mas também há pacientes que se
submetem ao procedimento porque sentem dor durante a relação sexual. Apesar de
o médico afirmar que não há contraindicações absolutas para a ninfoplastia, a
recomendação é que o procedimento só ocorra após os 18 anos, quando a vagina já
está completamente desenvolvida.
O aumento da procura pela cirurgia íntima feminina parece
ser mesmo uma tendência não só no Brasil. Segundo relatório da Internacional
Society of Aesthetic Plastic Surgery (Isaps), nos Estado Unidos já foram
realizadas mais de 1,5 milhão de cirurgias íntimas. No reino Unido foram 1,2
milhão. Já no Brasil, houve um crescimento de 50% nos últimos três anos. Os
dados apontam que por aqui já foram feitos mais de 13.683 procedimentos. Ainda
de acordo com a pesquisa, no Brasil, a ninfoplastia assume o quinto lugar no
ranking dos tratamentos mais procurados, perdendo apenas para a
abdominoplastia, redução de mama, rinoplastia e otoplastia.
O cirurgião plástico André Ramos observa quem, geralmente,
essa intervenção acontece após uma cirurgia maior de abdominoplastia ou
implante de silicone. Segundo ele, algumas pacientes aproveitam a ocasião para
incluir a ninfoplastia.
“Quando se fala em cirurgia íntima, o procedimento mais
comum costuma ser a redução dos pequenos lábios vaginais. Mas também há a opção
de aumento ou a lipoaspiração da região chamada monte de vênus”, explica André.
Quando o problema está no tamanho dos lábios vaginais, o
especialista costuma aliar pequenas cânulas de lipoaspiração para ressecar o
excesso de pele. Já nos casos em que se deseja aumentar o volume, o método
aplicado é a lipoenxertia, com a aplicação de gordura da própria paciente.
As intervenções, explica o médico, costumam ser bem simples,
podendo ser feitas com anestesia local, com duração de 15 minutos em média. “A
paciente pode ir para casa no mesmo dia e trabalhar no dia seguinte. Nesta
região, normalmente não há muito sangramento. O único cuidado indispensável é o
resguardo sexual por pelo menos 30 dias”, informa o especialista, destacando
que o preço do procedimento custa em torno de R$ 6 mil.
Apesar dos benefícios apontados por quem fez a ninfoplastia,
a ginecologista Ivone Castro recomenda cautela na hora de tomar alguma decisão.
Para ela, o desconforto feminino pode ser mais psicológico do que emocional:
“Muitas vezes, esse constrangimento das mulheres diante dos
parceiros acontece por entenderem que não correspondem a um padrão de beleza
imposto para o corpo feminino. Em qualquer procedimento cirúrgico, por mais
simples que seja, os pelos, assim como os pequenos lábios, tem função
protetora, funcionam como barreiras naturais contra infecções. Com a cirurgia,
pode ser que aumente a incidência de inflamações na vulva”, alerta.