O índice de
obesidade dobrou em todo o mundo nos últimos 30 anos e no Brasil quase 60% da
população está acima do peso, segundo dados do IBGE. O agravante é que o
reflexo é que o reflexo da epidemia vai além do espelho e desencadeia uma série
de problemas de saúde pública. Em 2014, o número de cirurgias bariátricas no
país aumentou 10% em relação a 2013. Assim, os dados da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCM) atestam que o procedimento
gastroplástico não é uma medida estética e, sim, um tratamento eficaz para
reduzir o índice de obesidade mórbida.
Cirurgia bariátrica
é o nome dado às intervenções realizadas no aparelho digestivo. A operação
consiste na redução do reservatório gástrico e na absorção intestinal por meio
de técnicas que variam de acordo com o nível de obesidade do paciente. Para os
profissionais da área da saúde, a redução de estômago ainda gera debates no
Brasil, porque a sociedade encara o procedimento como uma forma rápida de
eliminar gordura, o que é um erro.
De acordo com o
cirurgião Josemberg Campos, presidente da SBCBM, o obeso precisa ter em mente
que a intervenção é apenas o início de uma mudança de vida, que exige
disciplina para prática de atividades física e alimentação balanceada. Por
isso, o Índice de Massa Corporal (IMC) é o que define se a pessoa pode ser
submetida à cirurgia, e não os quilos a mais que geram incômodo.
“Quando o médico e
o paciente se convencem de que se esgotou a tentativa de tratar a obesidade,
exclusivamente, pela mudança do estilo de vida, a alternativa mais eficaz é a
cirurgia bariátrica e metabólica. A indicação da cirurgia envolve análise de
percentual de gordura e outros fatores como as doenças que o paciente apresenta
e que são relacionadas com a obesidade. Segundo as leis do Ministérios da
Saúde, a cirurgia é liberada no Brasil apenas para pacientes com nível de massa
corporal igual ou maior que 40 e pode ser realizada em casos de IMC entre 35 e
40, desde que o paciente tenha comorbidades como diabetes”, esclarece o
especialista.
Quem já fez a
cirurgia garante que o pós-operatório é a fase mais difícil, por conta da dieta
líquida extremamente restrita. A recomendação é que o consumo de alimentos
ocorra no espaço de tempo de 20 minutos. Após o período inicial, o cardápio
recebe novos itens como gelatina, leites e suplementos protéicos para repor as
substâncias perdidas, com o objetivo de facilitar a cicatrização do estômago.
A maquiadora
Thássia Fernanda Garcia, 32 anos, fez a gastroplastia há cerca de um ano e
revela que adiou diversas vezes devido ao medo que tinha do período
pós-cirurgico. Ela recorreu à cirurgia quando chegou aos 137 quilos e foi
diagnosticada com hipertensão, apneia, depressão e outras complicações.
Preocupada com a saúde, procurou um cirurgião e passou por um curso, onde
recebeu todas as informações referentes à técnica de redução gástrica e aos
processos pré e pós-cirurgicos.
“Temos até dois
anos para eliminar 40% do peso e eu atingi esse objetivo em apenas 11 meses. Ao
todo, perdi 56 quilos e só recorri ao procedimento por que percebi que minha
saúde estava em risco”, conta.
A partir do momento
em que o índice IMC se estabiliza após a cirurgia, é possível que o paciente
ganhe peso, caso a dieta balanceada não seja mantida conforme o recomendado.
Josemberg destaca que o tratamento deve ser multidisciplinar, com o auxílio de
nutricionista, cardiologia, psicólogo e educador físico.
“Quando o paciente
não adota os hábitos saudáveis, que foram orientados antes da operação, podem
ocorrer problemas relacionados ao aumento do peso pós-cirurgico. O preparo
pré-operatório visa diminuir o risco para a cirurgia, otimizar a segurança e os
resultados metabólicos e a melhora de outras comorbidades. No caso dos
problemas de saúde que o paciente já apresentava, eles devem ser compensados
com o ajuste de medicamentos, dieta específica, fisioterapia e preparo
psicológico. No pós-operatório, além do acompanhamento nutricional, o
acompanhamento psicológico é muito importante para o sucesso da cirurgia”,
conclui.