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sábado, 21 de março de 2015

CUIDANDO DA SAÚDE - Cresce número de cirurgias bariátricas


O índice de obesidade dobrou em todo o mundo nos últimos 30 anos e no Brasil quase 60% da população está acima do peso, segundo dados do IBGE. O agravante é que o reflexo é que o reflexo da epidemia vai além do espelho e desencadeia uma série de problemas de saúde pública. Em 2014, o número de cirurgias bariátricas no país aumentou 10% em relação a 2013. Assim, os dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCM) atestam que o procedimento gastroplástico não é uma medida estética e, sim, um tratamento eficaz para reduzir o índice de obesidade mórbida.
Cirurgia bariátrica é o nome dado às intervenções realizadas no aparelho digestivo. A operação consiste na redução do reservatório gástrico e na absorção intestinal por meio de técnicas que variam de acordo com o nível de obesidade do paciente. Para os profissionais da área da saúde, a redução de estômago ainda gera debates no Brasil, porque a sociedade encara o procedimento como uma forma rápida de eliminar gordura, o que é um erro.
De acordo com o cirurgião Josemberg Campos, presidente da SBCBM, o obeso precisa ter em mente que a intervenção é apenas o início de uma mudança de vida, que exige disciplina para prática de atividades física e alimentação balanceada. Por isso, o Índice de Massa Corporal (IMC) é o que define se a pessoa pode ser submetida à cirurgia, e não os quilos a mais que geram incômodo.
“Quando o médico e o paciente se convencem de que se esgotou a tentativa de tratar a obesidade, exclusivamente, pela mudança do estilo de vida, a alternativa mais eficaz é a cirurgia bariátrica e metabólica. A indicação da cirurgia envolve análise de percentual de gordura e outros fatores como as doenças que o paciente apresenta e que são relacionadas com a obesidade. Segundo as leis do Ministérios da Saúde, a cirurgia é liberada no Brasil apenas para pacientes com nível de massa corporal igual ou maior que 40 e pode ser realizada em casos de IMC entre 35 e 40, desde que o paciente tenha comorbidades como diabetes”, esclarece o especialista.

Quem já fez a cirurgia garante que o pós-operatório é a fase mais difícil, por conta da dieta líquida extremamente restrita. A recomendação é que o consumo de alimentos ocorra no espaço de tempo de 20 minutos. Após o período inicial, o cardápio recebe novos itens como gelatina, leites e suplementos protéicos para repor as substâncias perdidas, com o objetivo de facilitar a cicatrização do estômago.
A maquiadora Thássia Fernanda Garcia, 32 anos, fez a gastroplastia há cerca de um ano e revela que adiou diversas vezes devido ao medo que tinha do período pós-cirurgico. Ela recorreu à cirurgia quando chegou aos 137 quilos e foi diagnosticada com hipertensão, apneia, depressão e outras complicações. Preocupada com a saúde, procurou um cirurgião e passou por um curso, onde recebeu todas as informações referentes à técnica de redução gástrica e aos processos pré e pós-cirurgicos.
“Temos até dois anos para eliminar 40% do peso e eu atingi esse objetivo em apenas 11 meses. Ao todo, perdi 56 quilos e só recorri ao procedimento por que percebi que minha saúde estava em risco”, conta.
A partir do momento em que o índice IMC se estabiliza após a cirurgia, é possível que o paciente ganhe peso, caso a dieta balanceada não seja mantida conforme o recomendado. Josemberg destaca que o tratamento deve ser multidisciplinar, com o auxílio de nutricionista, cardiologia, psicólogo e educador físico.

“Quando o paciente não adota os hábitos saudáveis, que foram orientados antes da operação, podem ocorrer problemas relacionados ao aumento do peso pós-cirurgico. O preparo pré-operatório visa diminuir o risco para a cirurgia, otimizar a segurança e os resultados metabólicos e a melhora de outras comorbidades. No caso dos problemas de saúde que o paciente já apresentava, eles devem ser compensados com o ajuste de medicamentos, dieta específica, fisioterapia e preparo psicológico. No pós-operatório, além do acompanhamento nutricional, o acompanhamento psicológico é muito importante para o sucesso da cirurgia”, conclui.