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segunda-feira, 28 de abril de 2014

OBESOS TEM MAIS CHANCES DE MORRER MAIS CEDO

Pessoas com sobrepeso vivem mais


Cientistas do CDC e do National Cancer Institute (Estados Unidos) e da Universidade de Ottawa (Canadá) fizeram uma revisão da literatura científica e analisaram em conjunto 141 estudos, envolvendo 2,9 milhões de pessoas, para avaliar a associação entre o grau de obesidade e a mortalidade. O resultado foi publicado na revista científica JAMA em 2 de janeiro deste ano. Mesmo agregando estudos que já vinham sido publicados há muitos anos, o resultado é surpreendente.

De fato, os obesos têm maior mortalidade que as pessoas com peso normal, mas as pessoas com sobrepeso (algo entre o peso normal e a obesidade) têm mortalidade menor, ou seja, têm maior expectativa de vida. Além disso, as pessoas com obesidade grau 1 (o mais leve) têm a mesma mortalidade que as pessoas com o peso normal. O aumento de mortalidade entre os obesos está concentrado nas pessoas com obesidade graus 2 e 3, ou seja, os mais gordos.

Os cientistas usaram o índice de massa corpórea (IMC) como indicador de obesidade. Para serem incluídos nessa revisão, os estudos tinham que adotar o critério da Organização Mundial da Saúde (OMS):
Peso normal: IMC de 18,5 até logo antes de 25;
Sobrepeso: IMC de 25 até logo antes de 30;
Obesidade grau 1: IMC de 30 até logo antes de 35;
Obesidade grau 2: IMC de 35 até logo antes de 40;
Obesidade grau 3: IMC de 40 em diante.
Para você ter uma noção, as pessoas podem passar pela cirurgia bariátrica se elas tiverem obesidade grau 3, ou então se tiverem obesidade grau 2 e mais algum problema de saúde causado pela obesidade.

O IMC é calculado dividindo-se o peso (em quilogramas) pelo quadrado da estatura (em metros). Com uma calculadora comum, é mais fácil dividir o peso pela estatura, e então dividir esse resultado pela estatura novamente. (O resultado é idêntico; abra um livro de álgebra se estiver em dúvida.)

A consultoria de 1997 que recomendou à OMS esses pontos de corte admitiu, em seu relatório, que a relação entre a obesidade e a mortalidade era controversa. Alguns estudos tinham encontrado uma relação em U (como nesta revisão de literatura); outros, uma relação em J (quanto maior o IMC, maior a mortalidade); e outros não tinham encontrado relação alguma. Mesmo assim, essa consultoria recomendou a faixa de 18,5 a 25 como a mais desejável, com base numa revisão de literatura realizada anteriormente pelo Instituto Americano de Nutrição.

Agora, com o avanço dos estudos, ficou claro que as pessos com IMC de 25 a quase 30 são mais saudáveis que as pessoas com o IMC de 18,5 a quase 25; e estas pessoas são tão saudáveis quanto aquelas com IMC de 30 até quase 35.

Só que a revisão não abordou a relação entre a obesidade (e o sobrepeso) e a qualidade de vida, o risco de adoecer, ou ainda a mortalidade por doenças específicas. A revisão também não abordou crianças e adolescentes.

Eu, com meu IMC de 19,7, não estou com pressa alguma de engordar. Embora as pessoas com sobrepeso tenham menor mortalidade, desconheço qualquer estudo mostrando que engordar aumenta a expectativa de vida das pessoas com IMC “normal”. Além disso, perder peso é difícil, mas ganhar peso de propósito também é.

Por fim, o IMC não é o único indicador de obesidade, nem o melhor. A gordura dentro da barriga está muito mais associada às doenças cardíacas e circulatórias do que o resto da gordura, que se acumula debaixo da pele em todo o corpo. Quando o indicador de obesidade é o tamanho da barriga, será que quanto mais pior, ou será que um pouco de barriga faz bem para a saúde?