ATENÇÃO: AS MATÉRIAS POSTADAS NO CULTURARTEEN ATÉ 21 DE SETEMBRO DE 2019, PODEM SER ACESSADAS ATRAVÉS DO ENDEREÇO:
TEMPORARIAMENTE ESTAREMOS CIRCULANDO APENAS NA VERSÃO ON LINE E NA REVISTA ELETRÔNICA.


 

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Contra o retorno das aulas presenciais, educadores fazem mais um ato em Maricá, em dia de praias lotadas

De que adianta a preocupação (justa) com o não retorno às aulas, se de modo inconsequente e HIPÓCRITA, muitos dos que defendem (famílias, educadores, sociedade num todo) este não retorno, se aglomeram em praias, locais públicos, sem o mínimo respeito com o próximo e com a próprias vida?
Na foto montagem do jornalista Pery Salgado, três momentos da manhã do domingo 06/9: a partir da esquerda, praia de Ponta Negra lotada, sem nenhum distanciamento social, ao centro, cruzes da manifestação dos professores na rua 01 em Itaipuaçu e a poucos quilômetros dali, enorme aglomeração no Recanto de Itaipuaçu

Na manhã quente do domingo (06/09), o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE) – Maricá realizou um ato simbólico contra o retorno das aulas presenciais. O ato foi realizado na praia de Itaipuaçu, na altura da rua 01 e contou com a presença de professores da rede estadual e municipal, contrários ao retorno das aulas estaduais. Dezenas de cruzes foram fincadas na areia e uma faixa foi estendida. Enquanto isso, na mesma praia e em todo extenso litoral maricaense, as praias estavam lotadas, com famílias (repletas de crianças), sem a menor prevenção, sem distanciamento social e desrespeitando as normas imposta pela prefeitura na fase AMARELO 2 (AMARELO DE VERGONHA) e ignorando todos os protocolos estabelecidos pela OMS.

O governo do estado do Rio de Janeiro autorizou o retorno das aulas no dia 05 de outubro, contrariando as recomendações dos órgãos científicos e médicos e obrigando trabalhadores da educação, alunos e familiares a se exporem ao corona vírus nas unidades escolares do estado. A orientação do secretário de educação do estado do RJ, Pedro Fernandes é o retorno dos alunos que não possuem acesso a internet e a reabertura nos municípios na condição de bandeira amarela, que é o caso de Maricá. Na prática, o secretário irá obrigar o retorno massivo dos alunos da rede estadual, tendo em vista que a maioria não consegue acessar as plataformas de interação remota por não terem internet ou internet de qualidade. 


Já na rede municipal de Maricá, a secretaria de educação de Maricá não indicou nenhuma data de retorno às aulas presenciais, mas muitos educadores estão preocupados com a abertura do comércio, bares e lojas da cidade de Maricá e as eventuais pressões para o retorno presencial. O jornal Barão de Inohan fez duas matérias sobre os absurdos nas praias e locais públicos de Maricá durante o feriadão da independência (https://obaraoj.blogspot.com/2020/09/que-se-dane-covid-points-de-marica.htmlhttps://fatosefotoscult.blogspot.com/2020/09/povo-sem-mascaras-caos-no-transito.html). 

Além disso, educadores municipais ressaltam que estão sendo consultados nas escolas, sobre eventuais condições de saúde, o que causa apreensão na categoria em relação a um possível planejamento de retorno ainda este ano. Muitos professores da rede municipal são de outros municípios e possuem parentes com condições de saúde em risco, mas muitos também postam em redes sociais pouco caso com a Covid-19, participando de festas, indo a praia e participando de aglomerações. No mínimo contraditório!

ATO NA PRAIA

Durante o ato, muitas pessoas se aproximavam da faixa e das cruzes, colocadas para lembrar das centenas de milhares de mortos pelo Covid-19 e apoiavam a iniciativa do SEPE – Maricá. A cidade de Maricá registra segundo dados oficiais da própria prefeitura, 106 óbitos (25 óbitos em análise) e 3522 casos confirmados (dados do sábado 05/9). A cidade registrou aglomerações em praias e espaços públicos nos últimos finais de semana com rara fiscalização. E no feriadão os absurdos forma maiores ainda  (https://obaraoj.blogspot.com/2020/09/que-se-dane-covid-points-de-marica.htmlhttps://fatosefotoscult.blogspot.com/2020/09/povo-sem-mascaras-caos-no-transito.html). 


A coordenadora do SEPE – Maricá, Jaqueline Pinto afirmou que o “ato simbólico que fizemos hoje (domingo 06/9) tinha como objetivo alertar a população sobre o perigo que a voltas as aulas, antes que a epidemia esteja controlada, representa”. A prefeitura de Maricá ainda não marcou data para o retorno, porém, também não descartou, como outros municípios já fizeram, o retorno ainda este ano. Na rede estadual as aulas recomeçam no dia 5 de Outubro. Consideramos esse retorno um grave erro que pode custar muitas vidas.”

Perguntada sobre quais seriam os impactos de um retorno precipitado às aulas presenciais, a professora e integrante do SEPE afirmou que “no estado do Amazonas, por exemplo, em apenas 15 dias de aula, mais de 300 professores se contaminaram. Os números de contaminação e mortes do estado do Rio continuam altos. A taxa de ocupação dos leitos aqui em Maricá já está em 65%. Abrir as escolas nesse cenário é promover um genocídio.”

Cruzes na praia de Itaipuaçu. 
Foto: Rafael (militante da pró-Resistência Popular Sindical – RJ)
Diversos sindicatos da região são contrários ao retorno das aulas 

Diversos sindicatos da região são contrários ao retorno das aulas presenciais. Em ato realizado no dia 02 de setembro, o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE), Sindicato dos Professores do Município do Rio de Janeiro e Região (SINPRO) e o Sindicato dos Profissionais em Educação do Município de Maricá (SINEDUC) reafirmaram posição contrária ao retorno das aulas presenciais. Em manifesto, esses sindicatos afirmam que “não podemos admitir que pressões políticas e econômicas desconstruam a natureza da escola e de nosso trabalho, precipitando um retorno não orientado pelas agências científicas nacionais e internacionais.”

A ação dos educadores de Maricá portanto, reafirma o direito à vida de pais, mães, filhos e filhas e profissionais da educação, contra os mesquinhos interesses daqueles que são favoráveis a reabertura escolar. A luta dos educadores se inscreve no contexto de luta pela educação, pela vida e por dignidade. 



Baseado em texto de Rafael  (militante da pró-Resistência Popular Sindical – RJ)