Com um time mágico, o primeiro tricampeão
Liderada por Pelé, Tostão, Rivelino, Gérson e Jairzinho, Seleção Brasileira que Zagallo herdou de Saldanha encantou o mundo com um futebol envolvente no México
No dia seguinte, Mario Jorge Lobo Zagallo foi anunciado como o substituto. Sua carreira de treinador era curta: apenas três anos. Mas experiência em Copas não lhe faltava. Vinte e seis jogadores foram convocados para um período de treinos no Retiro dos Padres, em Itanhangá (RJ). Inicialmente, o técnico não queria Tostão e Pelé juntos e seus pontas preferidos eram Rogério e Paulo César, ambos do Botafogo, com Jairzinho no meio. Mas foi dele a ideia de recuar o volante Piazza para formar a zaga com Brito.
O Brasil foi o primeiro país a desembarcar no México, 30 dias antes da Copa, para adaptação à altitude – e como Zagallo prometeu, o último a ir embora. Guadalajara era a segunda maior cidade mexicana e adotou a Seleção Brasileira. A estreia contra a Tchecoslováquia não começou bem. Logo aos 12min, Brito errou passe para Clodoaldo e Petrás abriu o placar. Na comemoração, o tcheco se ajoelhou na lateral do campo e fez o sinal da cruz, gesto que seria imitado por Jairzinho nos jogos seguintes do Brasil, em que sempre marcou gol. Antes da virada, Pelé chamou a atenção para o primeiro de seus não-gols naquela Copa: do meio-campo, tentou surpreender o goleiro Viktor, mas a bola passou à esquerda da trave. No segundo tempo, a Seleção Brasileira melhorou muito e chegou à goleada.
O segundo jogo, contra a Inglaterra, foi o mais tenso. Havia preocupação com os chuveirinhos na área, principal jogada inglesa. Gérson, machucado, foi substituído por Paulo César. No primeiro tempo, Pelé voltou a se destacar em um lance que por pouco não terminou em gol: Jairzinho cruzou e ele cabeceou para o chão, no canto. O goleiro Banks deu um salto certeiro e desviou a bola para fora, rente ao travessão.
Embalado Diante da Romênia, Zagallo teve de mexer mais uma vez: além de Gérson, Rivelino ficou de fora. Piazza foi para o meio, e Fontana, outro cruzeirense, entrou na zaga. Os adversários conseguiram fazer dois gols, mas o Brasil saiu de campo com a terceira vitória e embalado para as fases decisivas. Nas quartas de final, contra o Peru, dirigido pelo bicampeão mundial Didi, a defesa voltou a falhar, mas o ataque foi eficiente e marcou quatro vezes. Gérson retornou ao time, e Marco Antônio atuou na lateral esquerda no lugar de Everaldo. Jairzinho marcou duas vezes e chegou a cinco gols em quatro partidas.
A semifinal também foi contra um sul-americano: os uruguaios. A Celeste saiu na frente, mas não segurou o Brasil. Mais dois lances de Pelé entraram para a história, mesmo não saindo o gol. No primeiro, o goleiro Mazurkiewicz, que viria a jogar no Atlético, bateu tiro de meta e, da intermediária, o maior jogador de futebol de todos os tempos pegou de primeira. Mazurka conseguiu defender. Quase no fim, após lançamento de Tostão, Pelé, sem tocar na bola, deu a volta no goleiro uruguaio, mas chutou para fora.
A decisão seria contra a Itália, também bicampeã. Quem levantasse a taça a levaria definitivamente para casa. O Brasil dominou a maior parte do tempo. Saiu na frente com gol de Pelé. Num descuido, sofreu o empate no fim do primeiro tempo. A Itália quase virou com Domenghini no meio da etapa final, mas a partir daí a Seleção Brasileira foi marcando gol atrás de gol até Carlos Alberto fechar a goleada por 4 a 1.