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quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

O QUE É A TIREOIDE? Saiba tudo nesta matéria!

 


Localizada logo abaixo do Pomo de Adão, a glândula tireoide pode até não chamar muito a atenção num primeiro momento.

Entretanto, ela é um dos órgãos mais importantes do sistema endócrino (a rede de glândulas que regula nossos hormônios).

A tireoide é uma parte particularmente importante da rede endócrina porque ela controla quão sensível seu corpo está a outros hormônios.

Ainda mais porque todas as células do corpo têm receptores para os hormônios da tireoide, tornando-a crucial para um metabolismo perfeito, para um crescimento adequado, e para a boa saúde cardiovascular e reprodutiva.

Quando o sistema endócrino está funcionando corretamente, o hipotálamo produz um hormônio chamado TRH, o qual estimula a glândula pituitária anterior a produzir o TSH.

Parte inferior do formulário

(TSH vem do inglês Thyroid Stimulating Hormone – hormônio estimulante da tireoide ou hormônio tireoestimulante.)

O TSH por sua vez induz a tireoide a produzir seus próprios hormônios.

A tireoide é responsável pelos hormônios calcitonina (que faz com que seus ossos absorvam cálcio), T3 e T4 – que são de longe os mais importantes.

E eles são, na verdade, duas formas do mesmo hormônio: enquanto o T3 é a forma ativa do hormônio, o T4 precisa ser revertido em T3 por outros órgãos (o fígado, o intestino, os músculos e a própria tireoide) antes que ele possa desempenhar o seu papel no corpo.

Como a tireoide produz muito mais T4 do que T3, esse processo de conversão é essencial para manter os os níveis hormonais em equilíbrio.

Sendo que, para manter estáveis os seus níveis de hormônios, uma certa quantidade de T4 sinaliza para que a pituitária anterior pare de produzir o TSH, pausando a produção de T4 até que se necessite mais.

Essa é a situação ideal.

Mas os hormônios da tireoide podem ser danificados por um ou mais dentre alguns fatores, causando hipotireoidismo (escassez dos hormônios da tireoide), hipertireoidismo (excesso deles), ou ambos de uma vez.

Então, devido à importância da tireoide em regular o metabolismo, essas condições podem trazer efeitos colaterais muito sérios.

Pacientes sofrendo de hipotireoidismo sentem constantemente frieza, cansaço e abatimento.

Além disso, eles geralmente ganham peso sem causa aparente.

O hipotireoidismo também pode elevar os níveis plasmáticos de colesterol: como o T3 permite que as suas células utilizem o colesterol para obter energia, baixos níveis de T3 vão manter o colesterol em circulação no sangue.

Já o hipertireoidismo apresenta alguns dos sintomas opostos: pacientes com hipertireoidismo comumente também se sentem cansados, mas eles frequentemente sentem calor e sofrem com perdas de peso aparentemente inexplicáveis.

Os problemas da tireoide são perigosos, ainda mais porque podem frequentemente levar algum tempo até serem diagnosticados – já que os sintomas são vagos e genéricos, e a maior parte das pessoas nem sabe muito bem o que é tireoide.

Para piorar, o modo de alimentação e o ambiente modernos nos expõem constantemente a todos os tipos de agentes causadores de stress e toxinas – os quais podem causar mais danos em uma glândula tireoide já problemática.

Felizmente, entendendo como e por que acontecem os problemas da tireoide, a maioria das pessoas pode se esforçar para evitá-los – ou pelo menos tratar os sintomas de maneira eficiente conforme eles ocorram.

 

Desregulação da Tireoide e Autoimunidade

Hiper e Hipotireoidismo são frequentemente dois lados de uma mesma moeda, sendo que, por vezes, uma mesma doença pode causar os sintomas de ambas as disfunções.

Portanto, faz mais sentido pensar nos sintomas da tireoide como um grande grupo de problemas relacionados e primariamente atribuídos a reações autoimunes e desregulação metabólica.

Em específico, existem duas doenças autoimunes que causam anomalias no funcionamento da glândula tireoide: A Doença de Hashimoto (ou tireoidite de Hashimoto) e a Doença de Graves.

Para entender melhor, uma doença autoimune faz com que o seu sistema imunológico ataque o seu próprio corpo como se alguma parte dele fosse um invasor estranho.

No caso, essas duas condições autoimunes que vamos abordar têm como alvo a tireoide.

Ou seja, elas fazem seu corpo “pensar” que a sua própria tireoide é um inimigo perigoso que precisa ser eliminado.

A doença de Hashimoto (tireoidite de Hashimoto) inicialmente pode causar o hipertireoidismo porque ela passa a destruir as células da tireoide – o que faz com que esta libere uma grande carga de seus hormônios na corrente sanguínea.

No entanto, conforme essa doença progride, ela danifica tanto a tireoide que a mesma não poderá mais produzir a quantidade normal de hormônios.

Sendo assim, os sintomas da Doença de Hashimoto iniciam como hipertireoidismo e, conforme a doença vai evoluindo, podem aparecer tanto sintomas de hiper como de hipotireoidismo.

Uma forma transitória da Doença de Hashimoto, chamada de Tireoidite pós-parto, é uma condição que faz com que a mulher desenvolva tireoidite após o parto.

E, assim como outras formas da doença de Hashimoto, essa pode resultar em hiper ou hipotireoidismo, ou em sintomas de ambas.

Já a Doença de Graves, outra doença autoimune, é responsável pela maioria dos casos de hipertireoidismo.

Em pacientes com a doença de Graves, a reação do sistema imunológico à tireoide super estimula a mesma, fazendo com que a tireoide produza T3 e T4 em excesso.

Entretanto, diferentemente da Hashimoto, a doença de Graves não ataca a tireoide em si. Sendo assim, os sintomas do hipertireoidismo nunca serão substituídos pelos do hipotireoidismo.

Agravando ainda mais a situação, condições autoimunes como Graves e Hashimoto causam inflamação celular, o que torna as células menos receptivas aos hormônios da tireoide.

A inflamação também faz com que o corpo pare de converter T4 em T3.

Então, mesmo que a tireoide produza T4 suficiente, ele não pode ser convertido em T3 de forma a poder ser utilizado pelo seu corpo. Ou seja, seu corpo fica com falta de T3 disponível.

As causas dessas doenças autoimunes ainda estão sendo investigadas –  a genética possivelmente contribui, mas não explica tudo.

Provavelmente, o ambiente também tenha uma grande participação.

Algumas infecções parecem aumentar o risco de doenças autoimunes que atacam a tireoide, e até mesmo o stress também tem seu papel nesse problema.

Além desses fatores, a dieta também tem grande importância no desenvolvimento de doenças autoimunes – como veremos mais a frente.

Antes disso, precisamos entender qual papel a desregulação da tireoide desempenha no metabolismo.

Desregulação da Tireoide e o Metabolismo

A tireoide tem um papel importante na regulação do metabolismo, e as doenças da tireoide frequentemente se apresentam com sintomas metabólicos tais como perda ou ganho de peso e mudanças na temperatura do corpo quando em repouso.

Mas o elo entre tireoide e o metabolismo não é uma via de mão única: como a tireoide necessita de níveis saudáveis de insulina para funcionar corretamente, uma regulação apropriada do metabolismo também é essencial para a saúde da tireoide, e problemas metabólicos podem desencadear uma série de sintomas da tireoide, ou piorar algum problema preexistente.

Esses problemas metabólicos (como muitas outras doenças) por muitas vezes são resultados de comportamentos ruins que foram praticados por muito tempo.

Uma dieta elevada em carboidratos (especialmente carboidratos simples) combinados com um estilo de vida sedentário, gera resistência à insulina, síndrome metabólica e diabetes.

Essas doenças estão fortemente relacionadas com problemas da tireoide (isto é, pessoas que têm um dos problemas têm mais tendência a ter os outros também).

Por exemplo, Diabetes tipo 1, que também é uma doença autoimune, é especialmente ligada a problemas da tireoide.

Essa é uma conexão lógica e previsível, uma vez que grandes doses de insulina danificam a tireoide.

E a resistência à insulina, causada pela síndrome metabólica e pelo diabetes, aumenta a quantidade de insulina no sangue, colocando-a sob stress extremo e,  consequentemente, fazendo com que a tireoide não produza os hormônios de maneira adequada.

Ambos, hipertireoidismo e hipotireoidismo, podem também contribuir para mais resistência a insulina, disparando um ciclo vicioso de mais problemas tanto de metabolismo quanto de tireoide.

Assim, a desregulação metabólica causada pela resistência à insulina pode causar diretamente outros problemas da tireoide.

Contudo, é importante também notar que uma dieta completamente sem carboidratos, especialmente para uma pessoa ativa, também pode causar problemas.

(Vale ressaltar que até mesmo em uma dieta como a dieta cetogênica – ou dieta cetônica – ainda deve apresentar uma quantidade mínima de carboidratos ingerida por dia.)

Mesmo que o excesso de carboidratos seja bem mais comum na sociedade moderna do que a falta deles, é importante esclarecer os riscos de uma dieta “zero carboidrato” – especialmente para pessoas que tenham problemas na tireoide.

De maneira resumida, se você se alimenta de maneira hipocalórica – ainda mais em uma dieta baixa em glicose – seu corpo pensa que você está passando por um período de escassez de alimentos (fome).

Então, em resposta à ameaça da falta de alimentos, ele reduz seu metabolismo e faz tudo que é possível para reservar a preciosa glicose para o seu cérebro: a função reprodutiva e a performance atlética são importantes, mas se seu cérebro não está recebendo a nutrição que necessita, essas duas atividades deixam de ser o foco.

Soma-se a isso o fato de que uma das funções essenciais do T3 é transportar glicose para outras células – portanto, em um contexto de deficiência de glicose, o hormônio T4 é convertido na forma inativa de T3 reverso (rT3), o qual não transporta glicose para as células.

Desse modo, uma dieta de restrição calórica feita por muito tempo – especialmente se ela for muito baixa em carboidratos – pode causar algo chamado de Doença não tireoideana ou Síndrome do Doente Eutiroideano (um nome que literalmente significa “doença da tireoide saudável”).

Esse é uma condição na qual a glândula tireoide está funcionando normalmente, mas os hormônios da tireoide não são produzidos nas proporções adequadas. Isso causa o aparecimento de todos os sintomas de hipotireoidismo, mesmo com uma glândula tireoide saudável – o que é claramente algo a ser evitado.

Adicionalmente, é curioso observar que a quantidade total de calorias pode ser um fator mais relevante do que a fonte dessas calorias na dieta (veja as referências 7, 8 e 9 ao final do artigo).

Ao mesmo tempo, é possível causar uma elevação ocasional tanto da quantidade de calorias quanto da ingestão de carboidratos por meio de mecanismos como umarealimentação estratégica de carboidratos (também chamada de carb refeed ou dia do lixo).

(Claro que você não precisa comer alimentos ricos em glúten em um dia do lixo. Entenda mais sobre como fazer um dia do lixo paleo.)

Por fim, é importante notar que os carboidratos da dieta e a função metabólica claramente têm efeitos sobre o funcionamento da tireoide, mas o consumo ideal de carboidratos é diferente para cada pessoa, com uma ampla faixa de ingestão saudável de amido que depende de inúmeros fatores.

 

Sintomas da Tireoide: Outras Causas

Assim como no caso da Síndrome do Doente Eutireoidiano, sintomas de hipotireoidismo não necessariamente indicam um problema com a tireoide em si.

Conforme falamos, o estresse alimentar causado por uma dieta na qual se passa fome (baixíssima ingestão de calorias) pode ativar esse tipo de problema.

Entretanto, outros tipos de estresses – como doenças severas – também podem provocar isso.

Provavelmente, a inflamação associada a esses fatores de stress exerce um papel fundamental na formação de disfunções hormonais em pacientes com a tireoide saudável.

E a resistência aos hormônios da tireoide é um problema semelhante: mesmo sendo muito rara, ela pode tornar seus tecidos resistentes aos hormônios da tireoide, gerando elevação nos níveis de T3 e T4 e sintomas de bócio (inflamação da tireoide).

Além disso, problemas relacionados à tireoide também podem ser causados por disfunções de outros órgãos do sistema endócrino, que acabam por influenciar o funcionamento da tireoide.

Por exemplo, se a glândula pituitária não está funcionando corretamente (por stress ou outras causas), ela pode enviar sinais “errados” para a tireoide, resultando em sintomas de hipotireoidismo mesmo que a tireoide em si esteja funcionando corretamente.

Mais raramente, problemas com a tireoide podem surgir de causas que não são totalmente explicadas nem pelo metabolismo nem pela autoimunidade.

O hipotireoidismo, por exemplo, pode ser um problema de nascença, observado em bebes cujas mães tiveram severas carências de iodo na gravidez. Já para outras pessoas, podem existir causas genéticas que também influenciem.

Como já dissemos acima, a dieta também é um fator muito importante a considerar – especialmente devido ao fato de a tireoide ser tão intimamente conectada ao metabolismo. 


Micronutrientes e o Funcionamento da Tireoide

Já vimos acima alguns fatores que podem afetar o funcionamento da tireoide. Mas ainda existem outros muito importantes a serem considerados, como, por exemplo, os micronutrientes.

Iodo, Selênio e a Tireoide

Um nutriente particularmente importante para o bom funcionamento da tireoide é o iodo – e a sua relação com a saúde da tireoide é particularmente complicada.

Porque, por um lado, a deficiência de iodo pode provocar sintomas de hipotireoidismo e até mesmo ocasionar bócio (tanto que em muitos países o sal de cozinha é fortificado com esse nutriente).

Porém, por outro lado, para pessoas com problemas na tireoide, consumir mais iodo na dieta pode piorar sua situação – algo que Chris Kresser diz ser como “jogar gasolina no fogo” (texto em inglês).

Contudo, uma classe de pesticidas naturais, chamados de goitrogênicos, pode fazer com que a tireoide não absorva iodo suficiente, causando sintomas de deficiência mesmo numa dieta adequada em iodo.

Problemas da tireoide estão assim diretamente ligados a uma sobrecarga de comidas goitrogênicas, que incluem vegetais crus como brócolis, couve-flor e couve.

Mas calma, isso não significa que esses alimentos não sejam saudáveis ou que  para comê-los você tenha que aumentar a ingestão de iodo para compensar. (Chris Kresser e Chris Masterjohn falam mais sobre o assunto neste artigo / podcast – em inglês).

Como o iodo pode tanto prevenir quanto piorar problemas da tireoide, determinar quanto dele você deve comer pode ser um desafio.

Alguns médicos recomendam iodo como elixir para curar todos os sintomas da tireoide, enquanto outros são mais cautelosos.

Entretanto, se você está saudável e apenas deseja prevenir que ocorram problemas, talvez seja interessante assegurar que você está ingerindo iodo suficiente na sua dieta.

Se você tem problemas sérios de tireoide, é importante considerar a possibilidade de ferver os vegetais crucíferos, já que ferver quebra 90% dos compostos problemáticos para seu corpo, tornando-os mais inofensivos.

Também é válido conversar com seu médico sobre iniciar algum tipo de suplementação com iodo, pois a questão da suplementação de iodo está totalmente ligada a outro micronutriente: O selênio.

(É importante que você não inicie esse tipo de suplementação por conta própria!)

O selênio está envolvido com a tireoide porque, além de compensar potenciais problemas de suplementação excessiva de iodo, ele também é promissor como tratamento anti inflamatório para casos de doenças autoimunes da tireoide.

Além disso, seu corpo necessita do selênio para converter T4 em T3, assim a deficiência de selênio pode causar sintomas de hipotireoidismo mesmo com uma tireoide funcionando bem.

Por outro lado, também é importante evitar o excesso de selênio, já que isso também pode piorar os sintomas de problemas na tireoide.

Resumindo, o equilíbrio entre iodo e selênio é um muito importante para nosso corpo.

O excesso de um dos dois é duplamente danoso se vier em conjunto com a deficiência do outro – então, se você suplementa iodo, pode ser uma boa ideia suplementar o selênio proporcionalmente – mas, antes de mais nada, fale com um profissional de sua confiança.

E vale lembrar que, na maior parte das vezes, é mais fácil simplesmente fazer um esforço para comer comidas ricas nesses micronutrientes, e confiar nos suplementos caso essa medida não funcione.

Vitamina D e a Tireoide

A Vitamina D é um outro fator muito importante na prevenção e tratamento de problemas da tireoide: sua deficiência é associada não apenas com doenças autoimunes em geral – e autoimunidade da tireoide em particular – mas também com resistência à insulina e desregulação do açúcar no sangue.

E o pior é que, mesmo em alguém que passe tempo suficiente exposto ao sol, muitas das outras causas de problemas na tireoide – como intestino permeável, stress, síndrome metabólica e inflamação – reduzem a habilidade do corpo de usar a Vitamina D.

Assim, alguém com problemas na tireoide pode precisar de ainda mais Vitamina D do que uma pessoa saudável para obter os mesmos resultados.

Contudo, como com qualquer suplemento, correr para a farmácia e entornar o frasco não é a melhor ideia do mundo: Pois o excesso de vitamina D gera riscos de toxicidade, especialmente se você não está tendo doses suficientes das vitaminas A e K.

E, se você não consegue obter a quantidade necessária de Vitamina D apenas com exposição ao sol, comece com uma pequena dose de seu suplemento e vá aumentando aos poucos – conforme recomendação de seu médico.

Em conclusão, mesmo que vários micronutrientes sejam importantes para o funcionamento da tireoide, humanos não foram feitos para ingeri-los de maneira isolada – nossos corpos são sistemas complexos, e os níveis de um micronutriente pode afetar todos os outros, causando consequências potencialmente perigosas se começarmos a suplementar sem atentar para a visão do todo.

Se você tem alguma doença, incluindo problemas da tireoide, converse com seu médico antes de comprar suplementos.

Se estiver saudável, você pode provavelmente obter tudo que você precisa de uma dieta balanceada, rica em variedade de plantas e produtos animais, ou seja: comida de verdade.

 

A Dieta e a Tireoide: Outros Fatores

Conforme vimos, os micronutrientes são uma parte importante da dieta no que se refere a problemas da tireoide.

Entretanto, ainda existem outros fatores que também podem provocar problemas nessa glândula – seja por causa de seus efeitos na tireoide especificamente, ou porque eles provocam uma resposta autoimune geral.

Um dos grandes contribuintes para problemas da tireoide é o glúten.

Uma vez que muitos dos problemas da tireoide são causados ou piorados pela autoimunidade, o glúten pode contribuir para a desregulação da tireoide em geral, por causar permeabilidade do intestino.

Normalmente, as paredes do intestino são impermeáveis, significando que partículas de dentro do intestino não passam através dele para a corrente sanguínea.

Porém, comidas como o glúten podem enganar as paredes do intestino, que permitirão sua passagem assim mesmo (ou seja, o intestino fica permeável), o que permitirá que o glúten passe para sua corrente sanguínea.

Nesse momento, o sistema imunológico reconhece que o glúten não faz parte da corrente sanguínea e o ataca.

Infelizmente, esse mecanismo provoca uma resposta autoimune geral em todo o corpo, fazendo com que o seu sistema imunológico ataque suas próprias células, juntamente com o glúten invasor.

Já que os problemas da tireoide são em parte originados por disfunções do sistema imunológico, o fato de o glúten provocar essa reação autoimune (devido ao intestino permeável) já seria motivo suficiente para bani-lo da dieta se seu objetivo é realmente cuidar da tireoide.

Entretanto, o buraco é mais embaixo: porque o glúten contém gliadina, uma proteína que é quimicamente similar à tireoide.

O que quer dizer que, quando o sistema imunológico cria anticorpos contra a gliadina, esses mesmos anticorpos irão acabar por danificar a tireoide.

Além disso, estudos descobriram que a doença celíaca (uma doença autoimune caracterizada pela intolerância ao glúten) está fortemente associada com distúrbios autoimunes da tireoide, provendo assim mais evidências de que pessoas com problemas na tireoide deveriam evitar completamente alimentos que contenham glúten.

Um alto nível de Ácidos Graxos Poliinsaturados (abreviados em inglês como PUFAs) também podem afetar o funcionamento da tireoide – essas gorduras causam inflamação, que pode danificar a tireoide.

Tanto quanto algumas comidas específicas que você come, o estado da sua flora intestinal também pode afetar o funcionamento adequado da tireoide, já que a flora intestinal ajuda a converter T4 em T3. Um desequilíbrio da flora intestinal tornará essa conversão ineficiente, e pode contribuir para a falta de T3 no seu corpo.

Assim, mesmo que os fatores alimentares que afetam o funcionamento da tireoide sejam altamente complexos e não possam ser atribuídos a uma “causa” está claro que uma dieta simples e saudável, baseada em comida de verdade, como a Dieta Paleo irá contribuir muito positivamente para a sua saúde e para a saúde da sua tireoide.

 

Stress e a Tireoide

O stress crônico não é bom para nenhuma parte do seu corpo e nem para sua vida, mas aqui vai mais um bom motivo para evitá-lo: a saúde da sua tireoide também pode ser prejudicada por causa dele.

Stress é um dos fatores ambientais associados com o início de doenças autoimunes da tireoide como a Graves e a Hashimoto – provavelmente porque o stress crônico contribui para um intestino mais permeável e causa inflamação crônica.

O stress pode também estar ligado a alguns dos outros fatores de risco para problemas da tireoide, incluindo problemas metabólicos e desregulação da taxa de açúcar no sangue.

Ainda no intestino, o stress pode acabar por danificar seriamente a flora intestinal, e interferir também no bom funcionamento das glândulas adrenais, causando problemas nos dois órgãos responsáveis pela regulação da tireoide: o hipotálamo e a pituitária.

Como se isso não bastasse, a inflamação crônica e o desequilíbrio hormonal que acompanham os altos níveis de stress interferem na captação dos hormônios da tireoide e na conversão do T4 em T3.

Claro que é muito fácil apenas falar “não se estresse”, mas os potenciais problemas da tireoide devem apenas ser adicionados à lista de razões pelas quais você deveria desligar a TV e dormir cedo, ou tirar  um dia de folga aqui e acolá só para relaxar e apreciar uma longa caminhada no parque e uma boa leitura.

Mesmo com as prateleiras cheias de suplementos a sua disposição e milhares de blogs cheios de novos planos de dieta e receitas super nutritivas, algumas vezes a melhor coisa que você pode fazer pela sua saúde é apenas se desconectar do mundo e relaxar.

 

Reposição do Hormônio da Tireoide

A disfunção da tireoide é um problema complicado e multifacetado.

Enquanto algumas pessoas preferem tratar sua tireoide exclusivamente com dietas e mudanças no estilo de vida, muitos também se voltam para uma abordagem médica mais convencional.

Um tratamento padrão para os sintomas de hipotireoidismo é a reposição hormonal, geralmente na forma de T4 sintético. Esse tipo de tratamento pode ajudar muitas pessoas, apesar de poder causar efeitos colaterais em algumas delas.

De toda forma, a terapia com hormônios pode ser uma boa maneira de melhorar a qualidade de vida de quem apresenta hipotireoidismo.

Um ponto positivo é que o tratamento de reposição de T4 não é necessariamente “para sempre”: você pode precisar da reposição hormonal por algum tempo, como forma de controlar os níveis dos hormônios da tireoide enquanto arruma outros fatores como dieta e estilo de vida – e então, em muitos casos, pode ser capaz de deixar a medicação.

Um ponto importante para se ter em mente com a reposição do T4 é que ela não vai ajudar você se você tiver a Síndrome do Doente Eutireoidiano (que discutimos mais acima) ou outro problema que não seja realmente o resultado de um mau funcionamento da tireoide.

Isto é, se seu corpo está sofrendo com inflamação sistêmica e isso faz com que você não converta T4 em T3, por exemplo, não importa quanto T4 você tome – porque ele continua sendo uma forma inativa do hormônio. Nesse caso, a alternativa é  tomar T3 sintético diretamente.

De todo modo, é importante conversar sobre sua condição e seus sintomas particulares com um médico de sua confiança.

Afinal, são muitas as condições autoimunes, com diversos fatores ambientais que podem influenciar os sintomas da tireoide. Então não existe uma recomendação única, que sirva para todos os casos, no que se refere à terapia hormonal para tratar problemas da tireoide.

E, caso você esteja preocupado se o seu médico terá aquela abordagem ultrapassada de prescrever “grãos integrais saudáveis” e uma dieta com poucas gorduras (low-fat), experimente se consultar com algum profissional da Lista de profissionais de saúde paleo / low carb (compilada pelo Doutor Souto) para encontrar alguém interessado em trabalhar com as suas escolhas e estilo de vida – em vez do contrário.

 

Conclusão

O bom funcionamento da tireoide é essencial para se ter uma boa saúde e bem-estar: problemas autoimunes da tireoide podem deixar você doente e abatido demais para curtir a vida, e ignorá-los apenas irá piorar os problemas.

Mesmo que as causas das disfunções da tireoide não sejam completamente compreendidas, estresses alimentares e ambientais claramente desempenham algum papel.

Isso significa que a abordagem Paleo para prevenir problemas de saúde da tireoide é a mesma que para todo o restante: comer uma dieta baseada em comida de verdade, evitar toxinas, e minimizar o stress.

E, se você já sofre de problemas da tireoide, uma dieta Paleo pode te ajudar ao eliminar vários fatores alimentares que podem estar piorando seus sintomas (como o glúten e a falta de sono) – isso não é uma cura completa, mas certamente é um passo na direção correta.

Fonte: site  doutor tanquinho