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sábado, 23 de novembro de 2013

GORDINHAS NO EXTRA



Perséfones da vida real: confira histórias como a da enfermeira de ‘Amor à vida’, que é pressionada pelo marido a emagrecer



Na mitologia grega, Perséfone é a deusa da agricultura e dona de uma beleza tão estonteante que rivaliza com Vênus, a deusa do amor. Já a Perséfone interpretada por Fabiana Karla, em “Amor à vida”, é uma mulher fora dos padrões, acima do peso. Coagida pelo marido, Daniel (Rodrigo Andrade), a emagrecer, a enfermeira já fez dietas malucas, desmaiou e foi até internada. Em breve, na próxima segunda-feria, ela não vai aguentar a pressão em casa e se separará do fisioterapeuta bonitão, que alega não gostar da zoação dos amigos. Situações como essas fazem parte da rotina de gordinhas da vida real.
— Meu ex-marido me conheceu com 90kg, mas acabei engordando após ter filhos. Ele falava que ia me largar se eu não emagrecesse, que não aguentava ouvir desaforo dos amigos que diziam: “Essa mulher deve quebrar você na cama” — conta a auxiliar administrativa Marcia Bastos, de 29 anos, moradora do Turano.
A falta de tato do ex acabou deixando Marcia em depressão:
— Ele me chamava de Mulher Molambo! Quando saiu de casa, passei a trabalhar, me cuidar e hoje sou uma gordinha feliz: se encontro um cara que não gosta de mim assim, digo para que siga a sua vida.
Já Jailza C. Lopes, de 49 anos, moradora de São Gonçalo, conheceu o marido, Vilmo, quando era magra.
— Depois que me casei, engordei 30 quilos. Fiz tudo para emagrecer e cheguei a desmaiar na rua. Não é fácil a cobrança da família — diz Jailza, que é gerente de uma rede de lojas e tem um marido esportivo, que gosta de comer alimentos saudáveis.
Às vezes ela se irrita com as brincadeiras de Vilmo, que tenta usar o humor para incentivar a mulher. Segundo Jailza, ele topou fazer as fotos para a Toda Extra, acreditando que isso possa mudar os hábitos da mulher:
— Ele disse: “Se é para você se cuidar, eu topo!”. Acho chata a cobrança.
Mas, diferentemente da novela, o casal de São Gonçalo, que está junto há mais de 30 anos, vai bem.
— No nosso caso, a gordura não atrapalha em nada, muito menos na nossa intimidade — afirma Vilmo, que pega no pé de Jailza, incentivando-a a caminhar e a se alimentar melhor.


Jailza C. Lopes - gerente administrativa, 49 anos:
“A pressão do meu marido (Vilmo, na foto à esquerda), mãe e filha é muito grande. Se eu for pegar alguma coisa para comer, as pessoas dizem: ‘Não come’, ou, ‘Já vai comer de novo?’. Fico chateada e me pergunto: ‘Se não era para eu comer, por que fizeram uma guloseima que eu gosto?’. Minha filha, que é miss, diz: ‘Mãe, não quero ficar igual a você, não quero engordar’. Ela não aceita, como pode? Cobra, porque acha que eu vou ficar mais bonita mais magra. Meu marido me ama, mas fica alfinetando: ‘Você vai fazer uma cirurgia ginecológica, por que não aproveita e faz redução de estômago?’. No meu guarda-roupa só tem roupas pretas, porque eu sei que emagrece. Sinto que devo perder peso, mas tenho muita dificuldade. Além disso, gosto de me vestir bem, com estilo, e não me sinto uma jamanta. Meu marido, que me incentiva a comer fruta e fazer caminhada, é do tipo sarado. Agora, se eu tivesse um marido gordo, acho que não estaria com ele, acho feio.”


Marcia Bastos - auxiliar administrativa, 29 anos:
“Meu ex-marido dizia que era para eu emagrecer ou ela sairia de casa. Sou de origem humilde e nessa época eu não trabalhava. As roupas para gordinhas eram feias e acabavam se desgastando com facilidade, por isso ele me chamava de Mulher Molambo. Nessa situação você acaba se depreciando. Fiquei com depressão e síndrome do pânico. Comecei a morar com ele em 2002, mas casamos em 2005. Dois meses depois de assinarmos a união, minha tia pegou ele abraçado com outra no bar da esquina. Perdoei as traições porque achava que ninguém ia me aceitar, mas, depois que ele saiu de casa, comecei a viver. Hoje sou uma gordinha feliz, satisfeita, me amo como eu sou e ele me diz: ‘Quem te viu, quem te vê!’.”


Renata Cassela - modelo plus size, 35 anos:
“Meu marido me conheceu quando eu vestia manequim 38. Comecei a engordar e ele logo pegou no meu pé. Mas o tiro saiu pela culatra, fez com que eu comesse como uma louca. Detestava que as pessoas ficassem controlando a minha comida. Certa vez, coloquei um vestido e ele me disse que eu estava ridícula, que parecia grávida. Fiquei uma década sem usar vestido. Depois que entrei em depressão, foi ele mesmo quem me tirou do poço. Ao ver fotos de mulheres gordinhas de maiô no EXTRA, ele sugeriu que eu me tornasse uma miss plus size. Acho que a pressão é desleal. O que forma o caráter de uma pessoa não é o corpo que ela tem. Quem ama não abandona, tenta reverter o quadro.”



Claudia Ferreira - modelo plus size, 31 anos:

“Em 2006 eu conheci um músico na Praia de Copacabana que era gordo e o aceitei do jeitinho que ele era. Ele mora em Salvador e tivemos um relacionamento de quatro anos. Na época, eu pesava 70kg e tinha 1,73m. Com o passar dos anos, comecei a engordar e ele foi reparando. Todas as vezes que nos encontrávamos ele dizia a mesma coisa: ‘Você está engordando’. Ele começou a me ignorar como mulher e chegou a dizer uma vez, em uma das viagens a Salvador, que nem sentia mais prazer em mim, com essas palavras: ‘Você está gorda, nem sinto mais nada por por você’. Hoje eu tenho 110 quilos. Quando o conheci eu o aceitava, eu o amava.”