Editorial da ELLE de maio declara que Bonito é Ser Diferente
Os padrões existem? Sim. Mas oito mulheres, com belezas distintas, provam que as regras nasceram para ser quebradas.
Ju
é jornalista e abastece seu blog, Entre Topetes e Vinis, com posts que
mostram que o estilo não se pesa – há dicas, por exemplo, de como usar
botas over the knees se você tem a panturrilha grossa. “Quando comecei a
trabalhar com beleza e moda, foi um choque porque no Brasil o termo
plus size não era conhecido. O tema para quem estava acima do peso
sempre foi como emagrecer. Demorei para me aceitar, mas hoje me acho
linda.”
NATHANE LACERDA, 26 anos
Modelo,
ela trabalha em um dos meios em que os padrões de beleza são mais
latentes. Mas, paradoxalmente, foi assim que aprendeu a lidar bem com
pequenas “imperfeições”. “Comecei a trabalhar cedo, aos 14 anos, e aos
poucos passei a gostar das minhas sardas. Elas são meu diferencial. Sou
grata por tê-las.”
Há
26 anos à frente de uma das maiores agências de modelos do país, a
L’Equipe, Liane, conhecida como Lica, convive com algumas das mulheres
mais lindas do país, como Jeisa Chiminazzo, de quem é uma fiel
escudeira. “Quero ficar velha. Até usei toxina botulínica, mas acho que
cada um tem que assumir sua beleza. Quando você não tem medo da velhice,
e não tem tanto desejo da beleza, acho que tudo fica mais fácil. Você
se torna mais integrada com o corpo, o cabelo, a pele. E isso é muito
importante.”
Educadora
física, Andreza luta para levar informação para todo o país – os
albinos não são nem computados pelo censo. Engajada na internet, com
frequência, ela também faz o papel de modelo. “Eu sou assim? Então
ótimo. É assim que me apresento. Acho bonito quando as pessoas se
valorizam. Por isso gosto de ser parte de projetos fotográficos para que
outros albinos vejam e identifiquem ali sua beleza.”
Fotógrafa
e artista plástica, ela é adepta do look tomboy, quase sem gênero.
“Desde pequena, sempre tive um lado meio molecão, sem me importar muito
com a beleza. Os padrões existem, mas eu não ligo.”
GEANINE MARQUES, 42 anos
GEANINE MARQUES, 42 anos
Geanine
saiu de Curitiba em 1993 e virou modelo por acaso – no ano seguinte, já
desfilava para Alexandre Herchcovitch, de quem passou a ser musa.
Considerada exótica, dispensa rótulos e acredita que a beleza está em
todos. “Cada pessoa tem um quê, um encanto. Mesmo as pessoas
consideradas feias, com certeza, trazem alguma coisa interessante.”
Enquanto
nove entre dez afrodescendentes sonham em alisar os cabelos, Magá faz
de suas tranças rasta seu melhor acessório. Blogueira e embaixadora da
Nike, ela transborda estilo em roupas e cabelos supercoloridos. “Não
quero ser mais uma na multidão. Quero me destacar. Todo mundo me
pergunta em quem eu me inspiro. Eu me inspiro em mim. Olho no espelho e
penso: que nega gata! Sou minha maior motivação.”
Estilista
e blogueira, a baiana é a perfeita tradução do mix cultural do Brasil:
tem origem africana, portuguesa e indígena. De Porto Seguro, onde mora,
ela cria uma moda que favorece seu biótipo, cheio de curvas. “Sofri
bullying na infância. Mas hoje em dia sinto que ter uma beleza diferente
do que o mundo da moda impõe é uma força.”