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sábado, 6 de dezembro de 2014

Garota muda versão sobre estupro coletivo e pede fim da investigação

Ela foi à delegacia junto a um dos suspeitos, com quem diz estar namorando.
Menor diz que agiu por ciúmes e foi pressionada a denunciar caso, em GO.


Menor chegou à delegacia acompanhada do suspeito de estupro (camisa branca)  (Foto: Vitor Santana/G1)
A menor de 17 anos, que afirmava ter sido vítima de estupro coletivo e acusava um vereador e outros quatro homens, prestou novo depoimento nesta terça-feira (2) pedindo que o caso fosse encerrado. Ela mudou a versão dos fatos, dizendo que não foi violentada, que foi pressionada a relatar o crime e que agiu por ciúme. A adolescente chegou acompanhada de um dos suspeitos, o comerciante Leandro de Castro, com quem mantinha um relacionamento e agora afirma estar namorando. Até o momento, nenhum dos investigados foi ouvido pela policia.
De acordo com a nova versão da menor, não houve estupro. "A gente sempre foi amigo, sempre conversamos. Essa questão aí [denúncia] foi só ciúme meu mesmo", disse a adolescente. Ainda segundo a garota, ela foi pressionada a denunciar a existência de um abuso, mas se recusou a dizer quem a teria coagido e o motivo.
Somado a isso, a grande repercussão do caso fez com que ela tomasse a decisão de rever as suas declarações. "Isso está me prejudicando muito. Tenho ouvido comentários de todos os tipos, as pessoas me julgando, ofendendo, me acusando", disse.
Após decidir se retratar do caso, a garota alega que procurou Leandro para que ele a aconselhasse como agir. Desde então, os dois se reaproximaram e começaram a namorar. A menor afirma ainda que em momento algum foi ameaçada ou coagida pelos suspeitos a retirar as acusações e mudar o depoimento.
Questionada sobre as declarações de Leandro, que em entrevista ao G1 no ultimo dia 18, disse que jamais teve a intenção se assumir o relacionamento entre os dois, ela disse apenas que "o que ele falou antes, de não assumir e essas coisas, só foi um momento de raiva dele".
O advogado Danilo Vasconcelos, que defende os cinco investigados pelo crime, disse que o houve entre Leandro e a menor foi uma briga de casal, comum em relacionamentos, o que motivou as declarações do suspeito.
Vereador nega envolvimento no crime e diz estar
confinante na verdade (Foto: Luísa Gomes/G1)
Em nota, o vereador de Indiara suspeito de participação no crime, Jean Castro (DEM), disse que está, desde a denúncia, com sua consciência tranquila e que não tinha feito nada de errado. Ainda no comunicado, o político afirmou que “sabia que a verdade uma hora iria aparecer".
Os outros investigados não compareceram à delegacia e não se pronunciaram. Com o novo depoimento da garota, o depoimento dos suspeitos voltou a ser adiado.
Investigação
O delegado responsável pelo caso, Queops Barreto, disse que ainda vai analisar as novas declarações da garota para definir os próximos passos do inquérito. Ainda segundo o delegado, os indícios apontam que a menor está mentindo.

“Esse novo depoimento, para mim, não serve para nada. Ele destoa dos demais elementos colhidos e é claramente mentiroso”, disse. Entre esses elementos estaria o laudo no Instituto Médico Legal feito pela menor após o crime que, segundo o delegado, apontaram lesões típicas de estupro.
Diante do novo depoimento, Barreto afirma que existem duas possibilidades: ele pode não utilizar o relato na conclusão do inquérito, devido a provas que indiquem que esse testemunho foi feito por coerção ou então considerar esse depoimento como verdadeiro e, nesse caso, a menor pode responder por denunciação caluniosa, comunicando à polícia um crime que não existiu.
Advogados
Quando chegou à delegacia para mudar o depoimento, além do namorado, a menor também estava acompanhada pelo advogado de Leandro, Danilo Vasconcelos. Depois de alguns minutos o Conselho Tutelar chegou ao local para acompanhar a garota. Uma hora após a chegada da adolescente para o depoimento é que os advogados que a representam chegaram.

De acordo com os defensores da garota, eles foram contratados pela vítima e sua avó para representá-las no caso. Porém, a idosa nega que tenha acordado para que eles acompanhassem o caso.
“Eu não contratei esses advogados. Eu tinha conversado com um outro advogado, mas ele disse que só ia pegar o caso depois que o papel fosse para a mão do promotor. Aí chegou esse advogado [que acompanhou a menor] lá em casa com um papel para eu assinar, dizendo que ia ajudar ela. Eu assinei e esqueci de pedir para ele ler, porque eu não sei ler”, disse.
Para a avó da vítima, o fato dela ser acompanhada por advogados dos suspeitos mostra que a neta está sendo pressionada a retirar as acusações. Para ela, até mesmo o relacionamento dos dois seria uma tática para encerrar o caso. “Isso aí são eles [suspeitos] que mandaram ela [garota] falar para livrar eles. Até então, nem mensagens eles estavam passando. Ela está sendo pressionada”, afirma.
Crime
Inicialmente, a menor afirmou que foi violentada em uma festa na casa do atual namorado, que é irmão do vereador Jean de Castro, no dia 9 de novembro. Na época, a adolescente afirmou que, enquanto mantinha relação sexual com Leandro de Castro em um dos quartos da residência onde ocorria a festa, os outros quatro homens entraram e a abusaram sexualmente.“Eles me morderam, me bateu de chinelo, me deu tapa (sic)”, conta a jovem.

Ela disse acreditar que o estupro já tinha sido planejado pelos suspeitos porque eles falavam entre si sobre “seguir um esquema” durante o evento. Na ocasião, a jovem relatou ter sofrido mudanças drásticas na rotina após ter denunciado o caso.
“Eu não estou nem saindo de casa por causa disso, nem de dia eu estou saindo. Saio daqui só acompanhada com o Conselho [Tutelar]. Eu não estou fazendo mais nada do que costumava fazer”, contou.