O Centro de Diagnóstico de Câncer de Mama do Hospital de Clínicas de Curitiba depende de doações da comunidade para funcionar. Estas contribuições costumam ocorrer através de boletos bancários, o que faz com que os doadores não se aproximem humanamente de quem recebe ajuda.
Pensando nisso, a escola de criatividade Redhook School, em parceria com a Associação dos Amigos do Hospital de Clínicas, desenvolveu o projeto Além das Barras, onde os boletos de doação foram transformados em relatos de quem venceu o câncer de mama.
Dez mulheres que superaram a doença foram escolhidas para contarem suas histórias em um ensaio fotográfico inspirador, onde os códigos de barras ocupam o lugar de sutiãs. “A doação é um ato solidário, mas no fim das contas o doador só vê a frieza do papel e dos números bancários. Foi aí que tivemos a ideia de humanizar os boletos”, contou a Dra. Maria Helena, diretora do local.
E as fotos vão além, uma vez que também podem ser impressas e pagas como um boleto bancário normal.“Para contribuir, bastaimprimir a foto e pagar pelo internet banking ou na agência bancária. Exatamente como funciona com um boleto bancário, mas com muito mais emoção”, explica o site do projeto. Para saber mais e fazer sua contribuição, acesse o site do projeto (http://www.alemdasbarras.org.br/).
CONHEÇA A HISTÓRIA DESTAS HEROÍNAS:
Meu nome é Cristina
e eu sou avó.
Vivi os primeiros cinco anos da minha neta sendo uma avó como tantas outras: saudável, disposta, com energia para contar histórias, inventar brincadeiras e levá-la em passeios. Mas os cinco seguintes foram de luta. Uma luta que, apesar de ter me tirado muitos desses momentos de avó (tive medo de que meu cabelo caísse durante a festinha de aniversário, por exemplo), também me motivou a vencer. Cinco anos de alegria. Cinco anos de luta. Dez anos que me transformaram.
Mais que um boleto de 10 reais, é a minha luta para viver mais momentos com quem eu amo.
Meu nome é Nilda
e eu corro.
Eu sempre amei correr. Mas nunca imaginei que correria contra o tempo para salvar minha própria vida. Minha última corrida foi de 21 km, uma meia maratona. E aí o câncer me passou. Levou minha agilidade, minhas oportunidades, meu condicionamento. Mas não levou minha força para lutar. Encarei tudo como uma maratona. Corri na frente, passei meu adversário e hoje sempre lembro: é preciso chegar até o fim. É preciso estar em pé.
Mais que um boleto de 21 reais, é a minha luta para voltar a correr.
Meu nome é Thalita
e eu sou uma exceção.
Eu não estou no grupo de risco. Venci o câncer aos 24 anos. Eu assumia que, pela minha idade, não precisava me preocupar. Mas aí precisei assumir várias outras coisas. Assumi a doença. Assumi minha careca. Assumi minha batalha. Assumi minha força. Assumi que podia vencer. E quem diria? Assumi tantas coisas, tão nova. E acertei.
Mais que um boleto de 24 reais, é a minha luta por tudo que eu ainda tenho para viver.
Meu nome é Liz
e eu me conheço.
Aos 36 anos percebi que algo não estava certo. Uma dor me levou a procurar os médicos, mesmo não estando no grupo de risco. Depois de muitos exames, descobriram o câncer.O tratamento e a cirurgia foram difíceis, mais para a cabeça do que para o corpo. Mas também me tornaram forte e me fizeram buscar alternativas para resgatar minha autoestima: criei algumas roupas específicas e um sutiã especial para mulheres que passaram por mastectomia como eu. E ainda os levarei para todas que vivem a minha luta.Hoje, tenho uma vida normal, produtiva e feliz. Danço, pinto, escrevo poesias e vivo cada dia como um milagre divino.
Mais que um boleto de 36 reais, é a minha luta para viver ainda mais intensamente.
Meu nome é Juliana
e eu sou mãe.
Ao mesmo tempo em que recebi a melhor notícia da minha vida, recebi a pior: descobri o câncer junto com a gravidez. Foi então que entendi: a luta seria longa, mas aquelas 40 semanas seriam as mais importantes. Abri mão do tratamento para ver minha filha nascer. Abri mão da cirurgia para poder amamentar. Mas tudo valeu a pena. Foram 40 semanas em que aprendi a lutar. Não só pela minha própria vida, mas por uma vida ainda mais importante.
Mais que um boleto de 40 reais, é a minha luta pela vida de quem eu amo.
Meu nome é Fernanda
e eu danço.
Mãe, tias e avó prenunciaram o câncer entre as mulheres da família. Esse histórico recomendava acompanhamento médico e exames com maior frequência. Em 2010, o diagnóstico. Após extração das mamas, a limitação do movimento do braço direito me distanciava do retorno ao Balé. Complicações ainda me fizeram voltar duas vezes ao centro cirúrgico. Renasci em cada qual.Depois das sessões de fisio, o tratamento oncológico. Fim da terapia, e o recomeço na dança. Fiz meu coque – com curtos fios – e subi no palco. A cortina se abriu, e foram 60 minutos tomados pela comoção. Eu vivia novamente.
Mais que um boleto de 60 reais, é a minha luta para meu próximo espetáculo de balé.
Meu nome é Vanusa
e eu escrevo.
Quando eu tive a confirmação do que iria enfrentar, todos acharam que eu perderia o rumo. Mas eu trilhei toda a minha vida pelo caminho da alegria. Eu não deixaria o câncer me desviar. Pelo contrário, eu decidi que a minha força seria um guia para a luta de outras mulheres. Por isso, criei um blog para compartilhar histórias, experiências e desabafos. E desde o seu primeiro mês, o Laços do Peito ajudou quem estava perdida a reencontrar seu caminho. São, em média, 70 acessos diários, de pessoas que buscam esse apoio. Eu sinto como se abraçasse cada uma delas.
Mais que um boleto de 70 reais, é a minha luta para criar o Laços do Peito.
Meu nome é Vera
e eu enxergo.
Eu já enfrentei todas as formas, tamanhos e tipos de câncer. E nunca tive a doença. Há três décadas trabalho como técnica em radiologia e senti cada resultado no meu peito. No momento em que ninguém está com elas, eu seguro as suas mãos. No momento em que elas se sentem fracas, eu as relembro de sua força. São aproximadamente 150 atendimentos por semana. Todas elas contam comigo. Por isso, eu digo que não cuido de pacientes. Cuido de vidas, de histórias, de mulheres.
Mais que um boleto de 150 reais, é meu trabalho pela vida das mulheres.
Meu nome é Viviane
e eu aprendi a me amar.
Eu me perguntava se era bonita. Se era amada. Se valia a pena. Até que tive que me perguntar algo mais importante: eu vou sobreviver? Mas com o amor das pessoas que ficaram ao meu lado eu redescobri o meu próprio amor. O corpo mudou, o cabelo caiu. Mas e daí? Depois de 210 dias, ele voltou! E nesses 210 dias, vi que bonito é saber lutar. Vi que ser amado é ter gente com você nos momentos mais difíceis. E hoje, responder aquela pergunta é que ficou fácil: eu sou forte, eu me amo e, sim, eu sobrevivi!
Mais que um boleto de 210 reais, é a minha luta pelo amor próprio.
Meu nome é Rose
e eu esperei.
No exame de rotina encontraram a calcificação. E com ela veio o medo, a incerteza do que vinha pela frente. E o pior: essa incerteza me roubou um ano; 365 dias entre a mamografia e a biópsia, pela falta de recursos para fazer o exame. Já imaginou a diferença que um ano pode fazer no tratamento contra o câncer?
Mais que um boleto de 365 reais, é a minha luta para que mais mulheres não precisem esperar.
AMIGOS DO HC
Todas as doações para o Centro de Diagnóstico de Câncer de Mama do Hospital de Clínicas são coletadas via Associação Amigos do HC, uma entidade sem fins lucrativos que há mais de 30 anos trabalha em prol do desenvolvimento do corpo clínico e científico e das melhorias no atendimento aos pacientes do hospital. A responsabilidade de trabalhar por um hospital de referência no Brasil com atendimento integralmente viabilizado pelo SUS exige total transparência. Por isso, as contas da AAHC são regularmente revisadas e auditadas, e todas as arrecadações e atividades, sempre relatadas ao público no site institucional da Associação e nas redes sociais.
As doações feitas através desse projeto serão destinadas diretamente ao Centro de Diagnóstico de Câncer de Mama do Hospital de Clínicas. O seu apoio é fundamental para que a AAHC continue viabilizando um atendimento melhor aos pacientes e para que não faltem materiais, insumos e medicamentos que podem salvar vidas.