Bruna Letícia é professora pós graduada na prefeitura do Rio, guia de turismo e fundadora da agência de viagens, turismo de aventura e ecoturismo Amigos das Trilhas RJ, com a qual já percorreu, nesses 2 aninhos de vida da agência, mais 83 cidades de Minas Gerais, além de outros 4 estados brasileiros, muito do próprio Rio de Janeiro (cidade natal), e destinos internacionais.
Bruna descobriu, por experiência própria que atividades em contato com a natureza podem curar, quando o sofrimento pela perda da sua avó foi maior que sua racionalidade e seu autocontrole puderam suportar.
Foi nas trilhas que ela encontrou a saída para sua depressão e resolveu se dedicar ao ecoturismo.
Em pouco tempo, a Bruna se tornou guia especializada em atrativos naturais, mergulhadora autônoma open water dive, socorrista em ambiente de selva pelo R.A.S e outras certificações estão a caminho. O interesse dela não é só estar qualificada para qualquer eventualidade dentro e fora de seus eventos, além de ser referência para outras mulheres (principalmente) que desejam a cura para os males da mente que afetam toda a nossa existência e nos faz, por um momento, menor do que somos, medrosas, incapazes, baixa autoestima e sem perspectivas futuras. O seu interesse é também não voltar nunca mais ao estágio depressivo, sem perspectiva de nada, que a assolava há 5 anos.
Neste breve relato, Bruna expõe sobre a importância de atividades ao ar livre para restabelecer o equilíbrio do corpo, curar as armadilhas da mente e mantê-la saudável.
"Para muitas pessoas, fazer trilhas, caminhadas longas, travessias, voo livre, mergulho, rapel, rafiting, escalada, cavalgada, etc é considerado loucura, algo sem objetivo, perda de tempo. Muitas pessoas não conseguem enxergar as atividades outdoor como uma ferramenta benéfica para a saúde.
É preciso entender que estamos num mundo onde o culto à velocidade nos direcionou ao caos atual, onde vivemos no limite da exaustão, sentindo constantemente nossos corpos e mentes caminharem sem controle e cansados do fardo. Tudo é corrido, nunca temos tempo para nós mesmos. Acabamos por sangrar nossas mentes com pensamentos negativos, destrutivos e de rotina, sem prazer real de viver, apenas sobrevivendo em meio a esse turbilhão de emoções, muitas mal compreendidas e assimiladas, gerando as confusões mentais que nos colocam no quarto escuro sem querer ver a luz do dia. Nesse momento, dia e noite se confundem, passam sem percebermos.
Nos tornamos reféns do obscuro, vemos nessa escuridão uma fuga, mas sabemos que fugimos do mundo, para nos afundar em nós mesmos. Tudo se torna mais difícil dia após dia. A vida perde o encanto. O canto.
Diante dessa terapia do autofundamento, vamos percebendo a vida passar pesada, sem sorrisos, amizades novas, nos afastando de uns, sem amparo, troca de experiências, o peso nas costas só aumenta. Multiplique aos problemas ainda maiores ( desemprego, separação, ser mãe solteira - não foi o meu caso, mas é de muitas) que somados a uma mente atordoada, colocam muitos em um buraco negro sem volta. A depressão é hoje a doença que mais mata no mundo.
Tomar água da fonte, se sujar de lama se cansar a ponto de esquecer por um dia inteiro que você não tem nenhum problema, avistar animais só vistos em revistas ou televisão, sorrir à toa, cair, se machucar, levantar, comer alimentos leves, dar valor à agua que bebemos e bebê-la com vontade, olhar um monte bem alto e não se imaginar lá em cima, chegar lá e ver que conseguiu e se achar foda, olhar a dimensão da criação e se sentir pertencente e importante, ter contato com as nuvens, ouvir relatos iguais aos seus, receber mãos amigas, doar seu pulso firme, mesmo quando por dentro tão frágil, sentir-se acolhida, ter sempre boas companhias mesmo quando está indo "sozinha" para alguma atividade, passar o dia respirando ar puro, longe do caos e do barulho, tudo isso modifica nossa mente e nos traz o prazer de viver que tanto queremos de volta após um "baque" da vida.
Eu escrevi uma nova história pra minha vida, e você, vai voltar a ter alegria de viver ou vai continuar se dando desculpas e cultuando a depressão?"
Bruna Letícia
Saia da rotina.
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