Com 30 anos de carreira no mundo da moda, Eduardo Arauju já formou mais de 4 mil senhoras
No próximo sábado, dia 17, o produtor de moda, maquiador e professor de modelos e manequins, Eduardo Arauju realiza a 3ª edição do Miss Plus Size Carioca. Modelos tamanho grande (46 em diante) desfilarão com graça e beleza no Salão Nobre da Casa de Espanha, em Humaitá, zona sul do Rio de Janeiro. A mais bela receberá a faixa da atual Miss Plus Size Carioca, Géssica Carneiro. Tatiana Gaião, primeira miss eleita no Brasil, fará parte do júri.
No mês seguinte, dia 5, ele fecha o ano com a sua tradicional festa de formatura na Mansão Vila Noel, em Grajaú. Onze senhoras e uma plus size receberão o tão cobiçado certificado das mãos do Eduardo Arauju. E as comemorações não param por ai. Na mesma noite, ocorre o lançamento oficial da sétima edição do Senhoras do Calendário, que homenageia Vinicius de Moraes e a Cidade Maravilhosa. A ONG Agência do Bem será beneficiada com a venda dos exemplares.
Assim tem sido a vida deste carioca da gema, ano após ano. Virginiano, o professor de 51 anos já formou mais de quatro mil senhoras no eixo Rio x São Paulo, dando um novo olhar para a vida e inúmeras oportunidades para muitas mulheres. Teve seu trabalho reconhecido no Japão, Europa, Polônia e, recentemente, na Argentina, onde foi ovacionado ao fazer três senhoras desfilarem com uma simples aula na Expo Mujer Business Internacional.
Mas quem é Eduardo Arauju? Para saber um pouco de sua história, confira abaixo a entrevista exclusiva:
Fama – Como você iniciou na carreira de moda?
Eduardo Arauju – Foi um acidente (risos). Em 1982, quando tinha 21 anos, o meu irmão mais velho, João Alberto, me convidou para representar no Rio uma linha de cosméticos da Pierre Alexander, de Porto Alegre (RS). Na ocasião, eu era bancário e acabei aceitando para ajudar na renda. Por sorte, me surgiu um convite para ir à casa da cantora Elza Soares que comprou quase todos os meus produtos.
Foi ai que as portas se abriram?
Sim. Neste mesmo dia, por coincidência que a gente não sabe explicar, o maquiador dela ligou avisando que não poderia ir maquiá-la. Diante disso, a Elza perguntou se eu sabia. Na hora, fiquei apavorado e disse que não. Então, ela se propôs a me ensinar e assim, no susto, nasceu uma nova profissão: a de maquiador, que muito me orgulho, pois comecei logo com uma estrela. Só o fato de acompanhar a Elza por tantos anos já foi compensador.
Parou por ai?
Não. Envolvido com a marca de cosméticos, passei a ministrar aulas de maquiagem em várias cidades do Estado do Rio de Janeiro, até ter a oportunidade de maquiar as grandes manecas da época como Xuxa Meneghel, Maria Rosa e Veluma. Também passaram pelas minhas mãos as artistas da música brasileira como Zezé Gonzaga, Walesca, Lana Bittencourt, Elizeth Cardoso, entre outras.
Você é pioneiro em cursos de modelo e manequim para a Terceira Idade. Como isso aconteceu?
Ministrei o meu primeiro curso para Maturidade em 1991. Fechei uma parceria com o SESI de Jacarepaguá para dar aula de postura, passarela, etiqueta, maquiagem, relaxamento tanto para senhoras como para adolescentes, que, em maior parte, eram filhas, sobrinhas e vizinhas.
Por que não investiu em cursos para adolescentes?
Eu trabalhava com meninas jovens ao lado da Maria Rosa e Veluma, em Itanhangá, que foram minhas grandes mestres no mundo da moda, onde pude aprender toda prática e teoria de um curso internacional, tendo a oportunidade de ser o professor da atriz global Taís Araújo. Entretanto, eu percebia que eram as mães que ficavam mais interessadas no curso do que as próprias filhas. Era um sonho frustrado que algumas delas queriam realizar através delas. Como bom virginiano que sou, pensei: porque não criar um curso de modelo para senhoras? Muitas vezes assisti desfiles em que as jovens vestiam roupas mais sérias para induzir uma moda madura, só que não dava certo. Elas não tinham o biotipo das senhoras.
Na ocasião, conhecia algum curso para este segmento?
Nunca soube, mas também não procurei saber. Só fiquei sabendo que eu era pioneiro depois de ter visto inúmeras matérias falando do meu trabalho nos maiores veículos de imprensa do país, citando que fui o primeiro no segmento. Anos depois, com uma pesquisa na internet, nada foi encontrado, apenas as diversas citações sobre o meu trabalho.
O sucesso de seu curso ganhou repercussão internacional. Como isso aconteceu?
Em 1996, fui convidado para dar uma entrevista para um jornal japonês e logo depois, em 2001, meu projeto foi foco de um grande documentário europeu, exibido pela TV Arte por toda a Europa. Recentemente, fiz um documentário para a Polônia e no final do mês de outubro fui convidado para palestrar no Expo Mujer Business Internacional, realizado em Mar Del Plata, na Argentina.
O que você percebe nas senhoras ao fazerem o seu curso?
É um grande renascimento, uma volta à adolescência. Uma redescoberta da feminilidade e da esperança de dias melhores com mais autoestima. Elas renascem e são mais atentas do que as meninas jovens.
O que ensina?
Andamento e postura, dicas de etiqueta, de maquilagem, expressão corporal, dicas de camarim, relaxamento e desinibição.
Quantas senhoras já se formaram?
Perdi as contas, mas acredito ser mais de quatro mil mulheres entre Rio e São Paulo.
Lembra da mais velha que se formou?
Sim, foi a Lourdes Arnout, com 88 anos. Ele tirou o seu DRT e passou a ser a modelo mais idosa do mundo, sendo sugerida para o Guinness World Records.
E quantas senhoras já foram eleitas misses da Maturidade?
Também não parei para contar, mas muitas…
Das eleitas, quem você destaca?
Isolda Amazonas, que depois de ter sido eleita a idosa mais bela do país, acabou arrebatando inúmeros títulos de beleza e sendo assunto em várias mídias. Foi um sucesso. Ela concorreu contra 16 candidatas de todo o Brasil.
Qual a maior satisfação de realizar este trabalho?
De ver os depoimentos, de ver o sorriso, o brilho nos olhos, de ver o sonho realizado por um simples gesto: de dar a tal “OPORTUNIDADE”!
Cite um momento mais marcante?
Tive vários momentos marcantes, mas uma inesquecível foi quando abri o show de Elymar Santos, no Ginásio Miécimo da Silva, em Campo Grande (RJ) para 6 mil pessoas e sermos ovacionados no final.
No dia 5 de dezembro será lançado a sétima edição do projeto social Senhoras do Calendário. Como foi iniciar este trabalho?
Foi mais um desafio para mim. Trabalhar neste país sem patrocinador não é nada confortante, mas como já havia driblado tantas adversidades, falei: será só mais uma, hei de vencer!”.
Qual a importância de manter um projeto como este?
A visibilidade que o calendário traz para estas senhoras e para todos que recebem, provando que beleza, charme e elegância independem da idade, cor ou tamanho. Sem esquecer do cunho social que o projeto tem, já que toda verba é destinada à uma instituição beneficente.
Em 2010, você realizou o primeiro concurso para modelos tamanho GG, elegendo Tatiana Gaião. Ano seguinte, a mídia deu um boom com a Géssica Carneiro e começou a pipocar eventos em várias cidades do país. Como surgiu essa oportunidade?
Foi um outro desafio. Conheci a história da Fluvia Lacerda, modelo plus size brasileira descoberta em Nova York e vi que em São Paulo havia um projeto de Moda para o segmento. Então fui atrás das informações e percebi que era um trabalho que ajudaria a mudar a autoestima de muitas mulheres deprimidas e achatadas pelo preconceito. Com isso, tive a feliz ideia de realizar o Miss Plus Size Carioca 2010, primeiro concurso de beleza do gênero no País.
Na ocasião, como estava o mercado e como as candidatas receberam a notícia?
No Rio, não havia quase nada ou nada. Quando resolvi divulgar o concurso a procura foi tímida, mas depois, quando a imprensa se interessou pelo resultado, ocorreu o boom que se mantém até hoje.
Como você vê o mercado plus size?
Ainda com muitas portas para abrir ou arrombar. O primeiro concurso foi um grito de alerta e serviu para mostrar que existe mercado para estas mulheres. O Brasil tem uma população de 49% de pessoas acima de seu peso. Dá para refletir, não acha? E a moda já reagiu. Hoje, temos magazines com grade de 46 em diante e com um figurino mais moderno e ousado. As meninas estão arrasando.
Que tipo de aula você oferece para modelos GG?
Igual, não muda nada. O que é diferente é a forma como se ensina, ter mais cautela, não exigir tanto, já que é um novo caminho e ele precisa ter a gestação completa.
Como está a procura pelo curso de Modelos e Manequins?
Tímida. O que percebo é que toda gordinha está se sentindo modelo. Mas elas não estão se preparando, e isso acaba banalizando e caindo na descrença dos produtores. É preciso ter uma formação profissional para saber como desfilar e se apresentar.
Recentemente, você esteve na Argentina. Que percepção pode ter deste mercado, tanto GG como da Terceira Idade, na América do Sul?
Não tem mercado de modelos tamanho grande na Argentina. Para eles foi uma novidade, por isso houve tanta espera pela nossa presença na Expo Modas. Por outro lado, o mercado da terceira idade já existe e recebe apoio de lojistas e da Expo Modas, que colocou as senhoras argentinas na passarela.
Como você se sente em ser o pioneiro nessas duas categorias?
Envaidecido e preocupado, pois ainda busco trabalho e oportunidade, entretanto, as empresas só pensam no lucro e deixam de investir neste segmento tão carente de oportunidades. Só para abrir os olhos, a maturidade é a classe que tem o maior poder de consumo e não tem onde gastar. Enfim, a luta continua…
Outras informações são encontradas no site www.eduardoarauju.com.br ou (21) 3327-1690 / 7412-4060 / 7843-1835