A PRESSA É
INIMIGA DA REFEIÇÃO.
A correria
é grande .estamos vivendo na integra o ditado tempo é dinheiro e na hora do
almoço então, acho que vai chegar o dia que não vão querer nem sentar
para comer.
Todo mundo
a nossa volta está sendo dominado pela correria.
"Se
não corrermos para pegar, nem chegamos ao serviço".
"Precisava
correr porque a fila cresce a cada minuto que passa".
Essas são
algumas justificativas para a correria nas ruas. Mas, de acordo com o médico
Alessandro Loiola, as pessoas têm que mudar esse hábito.
"Elas
têm que enxergar que essa correria não faz bem. Se você sabe que
um ônibus sai à determinada hora e você tem tempo de sobra para
chegar lá, por que vai andar apressado, sem conversar com ninguém, tomar o café
estabanadamente? Ter velocidade é bom, mas até certo ponto. Algumas pessoas
estão sendo dominadas pela pressa e o pior é que as pessoas nem percebem
isso", alerta o médico.A gerente de benefícios, Vera Montani, e a
assistente social, Lílian Alvez, não percebem. No escritório, elas têm pressa
até para se acomodar. Olhar atento ao computador, capaz de processar milhões de
informações por segundo. Rapidez no trabalho e na hora de folga. Nada de perder
tempo com deslocamento. O restaurante fica na quadra ao lado e tem comida a quilo,
pronta para servir. E, mesmo ali, a cabeça não pára!
"Eu
sempre penso assim: 'Tenho que ser rápida porque preciso desse horário para
fazer outras coisas. O horário do almoço não é só para o almoço", confessa
Vera.
"Nós
comemos rápido para termos mais tempo para fazer as outras coisas. Ir ao banco,
por exemplo", justifica Lílian.
Exemplos
típicos de quem trabalha, come fora de casa e quer velocidade nas refeições.
"Hoje
você não escolhe a comida. Você escolhe o que vai comer em função do tempo que
tem", conta a nutricionista Márcia Madeira.
A
nutricionista, que se especializou em serviços de atendimento rápido, conhece
bem o desejo dos apressados. Uma pesquisa feita com 1,5 mil clientes, em São
Paulo, mostrou o que eles esperam de um restaurante na hora do almoço.
"Proximidade
do trabalho, tempo de atendimento, forma de pagamento e somente em quatro lugar
ele visualiza o tipo de comida. A pressa, conseqüentemente, colocou a
alimentação em quarto lugar no foco", lamenta.
De acordo
com Márcia Madeira, comer rápido faz mal.
"Primeiro
porque você diminui o tempo de mastigação, que, conseqüentemente, prejudica a
digestão. Você pode ter problemas de estômago, como dores e gastrite",
explica.
"Mãe,
pode deixar que vou comer mais devagar agora", brinca Lílian.
Estamos
sempre correndo tanto, que no dia-a-dia não percebemos os sinais que o corpo
nos dá. Além da gastrite - aquela queimação no estômago -, as dores nas costas
e no pescoço também podem ser conseqüência da pressa.
"Eu
senti todo o meu corpo paralisar. Não conseguia mover a cabeça e nem as
costas", conta Lúcia Calazans, que trabalha como assistente social.
Ela sentiu
o peso do ritmo de vida que vinha levando há anos. Acabou no consultório da
fisioterapeuta Adalgisa Maiworm.
"O
corpo não agüentou o meu ritmo. Eu estava muito envolvida com o meu trabalho,
fazendo vários projetos completamente diferentes um do outro. Nem o sol eu via
mais, pois chegava às 8h e saía às 19h, algumas vezes às 20h", relembra.
Foi muita
pressão.
"Esse
distúrbio muscular vem dessa coisa do acelerado que as pessoas estão. Então,
quando o emocional fica muito comprometido, no sentido de ter que dar conta, de
ter que concluir o trabalho, na verdade, ele acaba descarregando na
musculatura", fala a fisioterapeuta.
Gerenciando
um hospital, Lúcia não percebeu que seria ela a próxima paciente.
"Na
verdade, eu já vinha sentindo uma dor lombar, a coluna dolorida", diz
Lúcia.
Segundo
Adalgisa Maiworm, em geral a dor pode causar perda de sensibilidade em algumas
regiões, dormência e formigamento.
"A
grande lição foi aprender a hora de parar", diz Lúcia.
Sinal de
alerta para a pressa, que já é considerada um mal da modernidade. O homem
descobriu que pode vencer o tempo e as distâncias. Hoje, uma pessoa pode
acordar em Belo Horizonte e, em poucos minutos, estar no Rio de Janeiro.
Afinal, o avião viaja a 300, 400, 800 quilômetros por hora. Então, por que não
dar uma passadinha por São Paulo? E se quiser, ainda é possível terminar o dia,
como num passe de mágica, em Porto Alegre. Imagine percorrer quase dois mil
quilômetros em apenas um dia. Com a tecnologia, ganhamos velocidade, mas
perdemos a paciência para simplesmente viver.
"Hoje
em dia nós vivemos numa sociedade - eu me refiro à sociedade ocidental - onde o
que atrai as pessoas é ter o computador mais rápido para enviar e receber
mensagens, ter o carro mais veloz, mesmo que a gente não possa dirigir a mais
de 100 quilômetros por hora. A nossa sociedade nos induz a um ritmo mais
acelerado", opina a psicóloga Ana Maria Rossi.
A
pesquisadora fala deste sentimento cada vez mais comum: a ilusão de que temos a
resistência e a velocidade das máquinas.
até
a próxima e bom apetite.
Veja também a matéria A PRESSA acessando http://culturarteen.blogspot.com.br/2012/11/a-pressa.html