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domingo, 3 de julho de 2011

ERASMO CARLOS - 70 ANOS

Erasmo Carlos comemora 70 anos de idade e 50 de estrada parando na contramão do Teatro Municipal


É um orgasmo inenarrável estar aqui comemorando os meus 50 anos de estrada

RIO - E o rock'n'roll finalmente chegou ao Municipal. Se o samba, outro gênero historicamente rejeitado pelo mais importante palco carioca, já havia ocupado o lugar que merece, o som das guitarras, baixo e bateria deixou sua marca definitiva na noite deste sábado, 2, pelas mãos e garganta (um pouco avariada) de um de seus principais nomes. Em espetáculo gravado para DVD, em frente a um público de 2 mil pessoas que lotava a plateia e as galerias do Teatro, Erasmo Carlos e sua banda sacudiram as cabeças com músicas dos 50 anos de carreira do Tremendão, de sua primeira parceria com Roberto Carlos, "Parei na contramão", a canções de "Rock'n'roll", disco lançado em 2009.

Cortinas prateadas e um telão compunham o cenário do palco do Municipal, cuja plateia tinha personalidades da música, como Lulu Santos e a Ternurinha Wanderléa; das artes dramáticas, como a atriz Patrícia Pillar; polivalentes, como Nelson Motta; e da política, como o secretário de Segurança do estado do Rio, José Mariano Beltrame, figurinha fácil em eventos culturais do tipo.

Vestindo seu uniforme de calça jeans justa, camisa e jaqueta de couro surrada ("custou caro", comentou ele), Erasmo e seus músicos começaram o show com "Jogo sujo", faixa de "Rock'n'roll", depois da exibição de um vídeo (feito para a turnê que acabou no Municipal) em que o Tremendão, com a voz distorcida e o rosto na penumbra, dá um "depoimento" sobre seu vício em rock. Logo vieram os sucessos mais antigos do repertório do cantor, como "Mesmo que seja eu" e "Sou uma criança, não entendo nada", as duas acompanhadas com coro e palmas pela plateia.

- É um orgasmo inenarrável estar aqui comemorando os meus 50 anos de estrada - disse Erasmo. - Não digo "de carreira" porque pode soar mal, hoje em dia. Vocês nunca viram um compositor tão feliz.

Além da banda que o acompanhou na turnê de "Rock'n'roll", composta pelo trio Filhos da Judith (Luiz Lopes na guitarra e violão, Pedro Dias no baixo e Alan Fontenele na bateria), mais Billy Brandão e Dadi (sim, aquele, consagrado como baixista) nas guitarras, Erasmo contou com o maestro e tecladista José Lourenço e com um naipe de 12 cordas, que incluía vários recém-demitidos da Orquestra Sinfônica Brasileira.

A primeira convidada da noite foi Marisa Monte, que cantou com ele "Mais um na multidão", parceria dos dois, e o clássico "Se você pensa". Apesar dos aplausos entusiasmados do público, ao final Marisa voltou para regravar as duas músicas para o DVD. O principal problema estava no alcance limitado da voz de Erasmo, que não conseguia atingir os graves de "Mais um na multidão", mas Marisa tampouco cantou bem na primeira vez.

Depois de mais algumas canções, Erasmo lembrou a consciência ecológica dele e do parceiro Roberto Carlos com "Panorama ecológico", antes de cantar um pot-pourri em homenagem ao amigo, com trechos de canções de autoria dos dois consagradas pelo Rei, como "Desabafo", "Eu te amo, eu te amo, eu te amo", "Detalhes" e "Café da manhã". Era um truque para que o público acreditasse que Roberto não apareceria, mas ninguém acreditou, e logo surgiu o Rei, com seu tradicional blazer branco oversized.

No momento mais emocionante da noite, os dois velhos amigos brincaram ("Combinamos não chorar", disse Roberto, descontraído), contaram histórias e cantaram "Parei na contramão", "É preciso saber viver" e, de improviso, "Eu sou terrível", em que a banda se comportou admiravelmente bem.

A última parte do show foi a mais roqueira, com versões pesadas de "Quero que vá tudo pro inferno", "Fama de mau", "É proibido fumar" e outras. No bis, Erasmo chamou sósias (não muito parecidos, aliás) de Roberto, Elvis Presley, Raul Seixas e Marilyn Monroe para cantar "Cover" e encerrou a noite, adequadamente, com "Festa de arromba".



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