Seleção reata 'casamento' com torcida
Felipão consegue trazer alegria de volta ao futebol brasileiro e junto, a torcida apaixonada
Desejo desde a 'era Mano', massa volta a ficar do lado do time. Desafio é manter a relação estável até a Copa do Mundo.
Aqui, o Brasil garantiu a vitória. Gol espanhol poderia ter mudado a história do jogo. |
A Seleção conquistou mais do que seu quarto título da Copa das Confederações ao vencer a Espanha. O time de Felipão ganhou, ao fim do torneio, o que Mano Menezes tentou várias vezes e não conseguiu: reatar com a torcida. O ex-técnico, demitido no fim de 2012, repetiu várias vezes, a cada partida em solo brasileiro, a importância de ganhar a confiança da massa. Mas foi Felipão, que assumiu com o mesmo discurso, que garantiu o apoio da torcida e evitou que a equipe entrasse em campo mais perto das vaias do que os aplausos.
O “namoro” começou em Brasília, na vitória por 3 a 0 sobre o Japão, na estreia, se estendeu até o fim da primeira fase. Ganhou ares de “caso sério” com o hino cantado mesmo após o fim da música no alto falante do estádio. O “noivado” saiu contra o Uruguai. Finalmente, no domingo, torcida e time se “casaram”, em uma união que, assim espera Scolari, dure até a Copa do Mundo de 2014.
“Tivemos o povo junto conosco. Isso foi a tônica do torneio. É importante que esta união continue. Queremos agradecer ao nosso torcedor por tudo que fez”, disse Felipão após o jogo no Maracanã, que há muito não via a Seleção tão em sintonia com sua torcida.
Mesmo antes do início do jogo, o público já vibrava com a aparição dos jogadores da Seleção no telão do estádio – e vaiava qualquer menção à Fúria. No momento do hino, a torcida repetiu a cena do Castelão e cantou o hino até o fim da primeira parte, mesmo sem som nos alto falantes.
Quando a bola rolou, com a Seleção “mordendo” os espanhóis, todo erro de passe ou gol perdido era perdoado. Os pedidos por Lucas sumiram e Hulk foi aplaudido de pé. Até a conquista de um lateral era comemorada. O Maracanã aproximou torcida e time também fisicamente, e os gols todos foram comemorados com a massa.
A situação é bem diferente da que viveu a Seleção na “era Mano”. Nas poucas vezes que jogou no Brasil, normalmente entrava em campo sob pressão, e em algumas partidas bastavam alguns minutos para as vaias começarem. Neymar, justo ele, era um dos principais alvos. Nem nas vitórias o time era poupado, e a derrota nos Jogos Olímpicos só piorou o cenário.
Felipão também enfrentou hostilidade no início. Até o amistoso contra a França, em Porto Alegre, o clima não era bom. E o mesmo Maracanã que serviu de altar para a união entre povo e time, esteve perto de ver mais uma crise crescer após o Brasil se safar de uma derrota no fim.
Agora o “casamento” vai bem, resta saber se daqui um ano haverá divórcio ou renovação dos votos. Isso depende da longa lua de mel até o dia 12 de julho de 2014.