ATENÇÃO: AS MATÉRIAS POSTADAS NO CULTURARTEEN ATÉ 21 DE SETEMBRO DE 2019, PODEM SER ACESSADAS ATRAVÉS DO ENDEREÇO:
EM RESPEITO E CUIDADO AOS NOSSOS LEITORES, PARA EVITAR O MANUSEIO EXCESSIVO DA VERSÃO IMPRESSA DO INFORMATIVO CULTURARTEEN, TEMPORARIAMENTE ESTAREMOS CIRCULANDO APENAS NA VERSÃO ON LINE E NA REVISTA ELETRÔNICA.

sexta-feira, 6 de março de 2009

SEXO NA JUVENTUDE - Carla Rezende

HOMOSSEXUALIDADE

Primeiramente gostaria de esclarecer que homossexualidade e homossexualismo são dois termos diferentes para praticamente a mesma coisa: atração física e emocional por pessoas do mesmo sexo. Você deve estar se perguntando porque não continuar utilizando a expressão homossexualismo ao invés de homossexualidade, certo?
Antigamente, a homossexualidade era considerada um transtorno psiquiátrico, uma inversão do feminino e do masculino, ou seja, uma doença. Por isso, durante muito tempo acreditou-se que os homossexuais precisavam de tratamento para que se reabilitassem. Naquela época, pouco se entendia sobre a sexualidade humana e muitas conclusões eram tiradas erroneamente. Hoje em dia é recomendável que se utilize a palavra homossexualidade para referir-se a atração entre iguais, uma vez que a expressão homossexualismo é historicamente cheia de preconceitos e estigmas.
A sexualidade humana sempre foi algo que despertou o interesse de curiosos e estudiosos, principalmente quando tem como atores principais pessoas do mesmo sexo. Ainda mais quando se acredita que as relações sexuais entre homens e mulheres devem seguir padrões historicamente determinados. Ou seja, nossa cultura nos ensina que o homem deve gostar de mulher e que a mulher deve gostar de homem e que qualquer manifestação contrária é considerada uma contravenção.
Durante muito tempo, esse tipo de afeto fora dos padrões socialmente aceitáveis era condenado e as pessoas que o praticavam reprimidas. Com o passar do tempo, a homossexualidade deixou de ser considerada um desvio do desejo sexual e passou a ser considerada uma opção de cada um, ou seja, as pessoas escolhiam se queriam gostar de homens ou de mulheres. Posteriormente, chegou-se a conclusão que a homossexualidade não era uma opção e sim uma condição. Desde então o termo “opção sexual” não é mais utilizado, uma vez que acredita-se que o indivíduo não escolhe se vai gostar de homem ou de mulher, ele simplesmente nasce gostando de um ou outro. Sendo assim, sugeriu-se a utilização da expressão “orientação sexual”.
Seguindo a lógica de que não optamos se vamos gostar de homem ou de mulher, há quem defenda que a orientação sexual de uma pessoa é definida geneticamente. Há ainda quem acredite que o convívio social e a educação influenciam na sexualidade dos indivíduos, uma vez que a genética já os define como homens ou mulheres pela presença de testículos e ovários, respectivamente. E há ainda os que, mesmo diante de todas as mudanças já citadas, continuam acreditando que a homossexualidade é doença ou uma promiscuidade.
Nem todo mundo que sente atração por pessoa do mesmo sexo é considerado homossexual. Se é o que está acontecendo com você e está te deixando em dúvida quando a sua orientação, é importante que você saiba que muitas dessas atrações são frutos da curiosidade natural que temos. Isso não quer dizer que você seja homossexual de fato, uma vez que, conforme já mencionamos, segundo estudos recentes, a orientação sexual da pessoa já nasce com ela e não aparece de uma hora pra outra como se fosse um resfriado e depois some, sem mais nem menos.
Independente de todas essas definições historicamente construídas, o que precisamos ter em mente é que o homossexual é um ser humano como qualquer outro e, como tal, precisa ser respeitado, independente se a orientação sexual que possui coincide com a sua ou com o que você acredita. Outro ponto a ser destacado é a importância de não reprimir seus sentimentos e desejos, sejam eles hetero ou homossexuais. Você não precisa se travestir ou mudar de sexo, mas precisa aceitar sua orientação sexual, seja ela qual for.
Tenho recebido alguns e-mails perguntando sobre o método da tabelinha. Pelo amor de Deus, meninas, não caiam nessa por vários motivos. O principal deles é que a tabelinha pode até ser que a previna da gravidez, mas contra doenças sexualmente transmissíveis ela não vai te proteger. Fora que pra ela dar certo, a menstruação tem que ser extremamente regulada porque ela leva em consideração o dia provável da ovulação e se a sua não for a tabelinha já era. Sugiro que procure um ginecologista para que ele prescreva o melhor método anticoncepcional para o seu caso e não esqueçam jamais da camisinha!
Dúvidas e sugestões para
sexonajuventude@oi.com.br.
Homossexualidade feminina


Esses dias reencontrei uma amiga que não via há muito tempo. Como todo reencontro, tínhamos muitas novidades para contar uma à outra e ficamos durante horas conversando. Conversa vai, conversa vem, surgiu o assunto sobre relacionamento. O foco do assunto passou a ser ela, uma vez que eu continuava com a mesma pessoa de quando nos vimos pela última vez, então, supus que eu não tinha tanta novidade quanto ela para contar. Sua expressão mudou subitamente e ela ficou pálida! Não entendi nada na hora, o que me fez insistir no assunto. Queria saber se ela tinha se envolvido com alguma pessoa interessante, se estava a fim de alguém, se estava sozinha, enfim, coisas que qualquer mortal gostaria de saber naquele momento. Pra minha surpresa ela disse que estava morando com uma pessoa. Mal ela acabou de concluir a frase, perguntei como é que ela tinha uma novidade dessas e não falava nada. Ela disse que não tinha certeza se eu gostaria de ouvir o que tinha a dizer. A partir daí quem ficou pálida fui eu. Confesso que fiquei preocupada com o que estaria por vir. Enquanto ainda pensava o que poderia ter de tão sinistro no que ela estava prestes a me dizer, ela disse de supetão: eu moro com uma mulher!
Assim como minha amiga, muitas mulheres passam por diversos conflitos quando decidem assumir sua homossexualidade. Isso quando não passam a vida inteira reprimindo seus sentimentos e escondendo de tudo e de todos sua condição sexual. Mas também há aquelas que se assumem e decidem por não esconder isso de ninguém. Hoje em dia, mesmo ainda vivendo em uma sociedade preconceituosa, é comum vermos casais de homossexuais por aí, inclusive de mulheres.
Confesso que com o desabafo de minha amiga fiquei me perguntando o que deveria ter acontecido para que ela assumisse sua homossexualidade, uma vez que vivia em uma família extremamente rígida e conservadora. Como ela é minha amiga, não tive nenhum problema em perguntar isso e mais um montão de coisas. Baseada nesse reencontro com minha amiga, resolvi conversar um pouquinhos com vocês sobre homossexualidade feminina.
Primeiro, é claro que para assumir que gosta de meninas, você não precisa se transformar na Tammy Gretchen, aliás, nada contra ela e nem opte por essas transformações radicais, mas isso não é necessário. Também não vá sair por aí coçando seu saco imaginário, isso não vai fazer de você um homem. O que muita gente acha é que a mulher que decide assumir que gosta de outra mulher tem que virar homem e isso não é verdade! Você pode continuar se vestindo como mulher, se comportando como mulher e ser homossexual. Você não precisa virar homem, você simplesmente gosta de mulher.
Muitas meninas dizem que encontram nas relações homossexuais uma segurança que não encontram em relações heterossexuais. Dizem que outra mulher entende melhor o que estão sentindo, sabem dar e receber carinho de forma que proporcionem prazer ao casal e entendem perfeitamente quando sua parceira está de TPM (diferente dos homens que dizem que isso NÃO EXISTE!). Como é comum que muitas meninas se envolvam com homens antes de aceitarem sua condição de homossexual por vários motivos, inclusive para saber se é de mulher mesmo que elas gostam, muitas delas podem fazer essa análise por conhecerem ambos os sexos. Dizem que, diferente dos homens que dispensam as preliminares, gozam, viram para o lado e roncam (calma rapazes, nem todos eles são assim, ok?), as mulheres se preocupam com o prazer de sua parceira.
Gente, vamos combinar uma coisa: Não é porque você está bem resolvida com sua condição sexual que você vai sair por ai acariciando sua parceira pra quem quiser ver. Carícias em público não ficam bem para homo e nem heterossexuais. Você não vai fazer com que te aceitarem se quiser empurrar sua namorada goela a baixo das pessoas que ainda nutrem algum tipo de preconceito quanto a isso. O melhor a fazer é viver sua vida sem se preocupar com a opinião dos outros. Respeite sua condição, mas respeite também a opinião ou a falta de conhecimento dos outros. Homossexualidade não é crime e nem contravenção, mas sua aceitação de forma plena pela sociedade ainda caminha a passos lentos.
Esperamos pelo dia em que um beijo entre duas pessoas do mesmo sexo seja apenas um beijo, mas, enquanto isso não acontece, respeite a opinião dos outros e, acima de tudo, exija respeito sempre. Assim caminhamos em busca de uma sociedade sem preconceitos!
Continuem nos escrevendo para
sexonajuventude@oi.com.br, que responderei a todos os e-mails enviados.
Beijinhos e até março e não esqueçam da camisinha sempre.
HOMOFOBIA

Olá pessoal! Espero que tenham lembrado mim no carnaval. Se não lembraram, pelo menos da camisinha ninguém esqueceu, né? Tomara que não mesmo!
A matéria do mês passado ainda está dando o que falar! Recebi vários e-mails falando sobre o quanto é difícil se assumir em uma sociedade ainda preconceituosa e repressora, o quanto é difícil se entregar e viver um relacionamento homossexual por inteiro. O que muita gente tem me perguntado é como lidar com essa não aceitação por parte da sociedade. Mais ainda: como lidar com o preconceito.
Vocês já ouviram falar em HOMOFOBIA? Homofobia é uma expressão relativamente nova usada para definir a aversão ou a discriminação que uma pessoa tem por homossexuais ou pela homossexualidade. Ou seja, é um termo usado pra definir qualquer comportamento de intolerância e desrespeito voltado a homossexuais. Vale destacar que, no Brasil, a homofobia é crime e existe amparo legal para punir quem o comete. Podemos citar alguns exemplos:
Constituição Federal tem como um de seus objetivos fundamentais “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” e afirma ainda que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.
A Organização Mundial de Saúde não considera mais a homossexualidade como um desvio de caráter ou doença desde 1985 no Brasil.
Uma resolução do Conselho Federal de Psicologia proíbe intervenções psicológicas que visem a “cura” da homossexualidade.
O Estatuto da Criança e do Adolescente defende a livre orientação sexual dos jovens quando diz que “a criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas”.
Esses são só alguns exemplos de proteção. Se você é vítima de homofobia, não tenha medo de fazer valer seus direitos e de exigir respeito. Se você se sentir discriminado ou virar alvo de chacotas por conta da sua orientação sexual, não tenha medo de procurar a justiça pra fazer valer os seus direitos. Somos seres humanos, portanto, não somos nunca uns iguais aos outros. Precisamos aprender a conviver com todo tipo de diferença, inclusive as sexuais, aceitando-as e respeitando-as.
Não deixe de viver plenamente a sua relação porque está preocupado com o que seu vizinho vai pensar ou com o que vão falar de você na escola. Preocupe-se somente em ser feliz e viver sua relação por inteiro, seja ela homo ou heterossexual.
Até a próxima pessoal! Não esqueça:
sexonajuventude@oi.com.br! Beijos.